TEOREMA VI
Tudo naturalmente é constituído por um ou mais elementos determinados ou determináveis, sob o controle de uma ou mais forças determinadas ou determináveis.
ESCÓLIO VI
A existência está condicionada às forças naturais que agem de tal modo sobre elementos naturais de maneira a originar Tudo.
A pergunta que sempre fiz a mim mesmo foi: o quê existe?
Sempre me pareceu uma pergunta de difícil resposta porque as variáveis, os elementos, o arcabouço de coisas que envolvem a pergunta dão margem a discussões infindáveis. Foi então que decidi começar pelas observações mais simples, começar inquirir as coisas triviais que aparentemente são de nenhuma importância, ou que estamos tão acostumados a conviver que perderam a importância da nossa observação.
Penso que estamos envoltos em um suceder de coisas que não paramos para analisar cada qual em seu lugar e momento. Tudo acontece ao redor e no entorno de nós mesmos que apenas fluem em um instinto irracional. Não há necessidade de se fixar na análise de algo tão comum e rotineiro, ou um pequeno detalhe em um mundo de tantas composições. Não há necessidade para a maioria, mas para eu é grande o tempo e importância despendida. E, nesse sentido, a inquirição e satisfação do meu espírito são suficientes para mover as montanhas do meu mundo.
Observando todas as coisas que meus olhos possam enxergar, todos o sons que meus ouvidos possam escutar, todas as coisas que posso sentir, todos os cheiros que meu olfato permita inalar, todas as coisas que meu raciocínio possa pensar procurei dentro de todas elas uma relação. Procurei algo que pudesse unificar tantas coisas diferentes de teores variados, formas e sensações distintas na razão de que se tudo esta dentro do mesmo Universo tivesse algo em comum.
A priori me pareceu não existir uma única relação, mas várias e diferentes relações, cada qual compondo um determinado ente ou evento. Entretanto, estudando um pouco, bem pouco mesmo: a ciência, a religião, a política, a sociedade, o popular, o néscio, a filosofia, a psicologia, a ignorância, qualquer coisa que se manifeste, percebi uma relação padrão, um esquema complexo sob uma padronização simples.
Todas as coisas me parecem unidas de alguma forma, o binômio ação e reação é contínuo e infinito. Ocorreu-me, inicialmente, que Tudo é elemento determinado ou determinável.
O elemento é determinado pela ciência quando falamos em átomos ou estruturas ainda menores. Determinável é o elemento que existe, percebemos sua presença mas não temos a capacidade de determiná-lo, mas sua possibilidade é suficiente para torná-lo um elemento determinável.
O pensamento é para mim a pedra angular, pois é algo inerente ao ser humano que ocorre de maneira contínua e infindável, sabemos de todas suas implicações e força produtiva no mundo, porém, ainda que se saiba sobre as estruturas cerebrais não se determina o pensamento, existe como um elemento determinável.
Ficou claro que Tudo é formado por elementos, mesmo porque se não há elemento não há nada e nada não existe. Ficou claro, também, que alguns elementos são conhecidos, outros não, mas o fato de não conhecermos estes outros elementos não significa que não existam, são determináveis. Em algum momento poderá ser determinado.
Todo elemento existe porque se mantêm coeso a ponto de nossa percepção percebê-lo individualmente, como se fosse uma forma única dissociada de todo resto. Essa aparente particularidade de todas as coisas se dá por forças que não considero como elemento, mas como força intrínseca do elemento em si. Há uma ou algumas forças que unem Tudo e nos imprimem a aparência das individualidades.
Algumas forças são determinadas pelo binômio causa-efeito, mas não tem um conceito capaz de determiná-las em sua essência, portanto, todas as forças são de algum modo determináveis, pois por mais explicadas que sejam não se concluem em um conceito absolutamente determinado.
Natural é Tudo. A natureza no sentido daquilo que provem antes de nossa própria existência humana. Antes que pudéssemos considerarmos existentes nesta forma humana certamente havia a existência de elementos sob forças, portanto, qualquer coisa que suceda a isto é advinda da natureza anterior.
Elementos que “naturalmente” não existem, como por exemplo, os policarbonatos, que são fabricados por mãos humanas, nada mais são do que elementos naturais combinados por forças naturais conduzidos por raciocínio humano natural. Em suma, é oriundo da natureza.
A natureza é o principio. Não há elemento “artificial” produzido pelo homem que em sua essência seja desvinculado da natureza. Não há possibilidade de se produzir algo não-natural, na acepção primeira da palavra.
Concluo, assim, que Tudo é natureza: o ponto de intersecção de todas as coisas. Aquilo que padroniza elementos tão diferentes.
É um assunto bastante amplo, com muitas divagações, mas para não nos perdermos entre os corredores do labirinto, temos que ter em mente que por mais variadas formas de coisas existentes no Universo, é possível resumi-las na tabela periódica, e, se observamos mais minuciosamente podemos resumir as coisas em parcelas menores que átomos, das quais se limitarão a um número possível de se contar nos dedos.
Em suma, Tudo é formado por alguns elementos básicos que invariavelmente são advindos da natureza.
Tais elementos para adquiri as milhares formas que conhecemos e tantas outras que há de conhecermos estão sob forças naturais. Forças intrínsecas aos elementos básicos necessárias a sua própria existência e a existência do elemento, numa condição de faces de si mesma. O elemento só existe pelas forças e as forças só existem por causa dos elementos.
Que fique bem claro que o “elemento” ao qual me refiro diz respeito a coisa elementar, isto é, a substância elementar a qual podemos atribuir a existência, que sem a qual nada existe. Na física poderíamos comparar a partícula, se bem que, na física quântica existem outras coisas que não recebem a definição de partícula. Portanto, estou me referindo a este “elementar” que origina e padroniza tudo aquilo que possamos considerar como existente.
Recapitulando. Tudo que existe por mais diferente que seja há uma relação entre si, portanto, sempre poderá se resumir em um elemento único e unificador, que denominamos Natureza. Ainda que seja artificial sua origem é natural, pois é manipulação do elemento básico da natureza: partícula e força.
A natureza em sua essência tem origem única: a substância.
A substância, portanto, existe de fato e em tudo. Ela é incriada e dela tudo se cria.
A substância é o pensamento de Deus.
Cada pensamento em particular se manifesta concretamente pelo que observamos como elemento e força. São infinitos pensamentos que unificado formam um único grande pensamento: Deus.
Deus pensando continuamente exala substância, cuja qual origina todas infindáveis formas existentes de coisas.
Olhe ao redor e observe. Cada coisa que você pode considerar como individual, na verdade é um conjunto de coisas anteriores (ou pensamentos anteriores) de diversos elementos.
Uma cadeira. Antes existiu a extração do ferro, plástico, alumínio, madeira, seja o que for. A manipulação destes materiais. A feitura de componentes como pregos, parafusos cola, que tiveram que ser produzidas por milhares de outros procedimentos. A pintura, que tem a produção da tinta. A idealização do formato. O molde. A fabricação propriamente dita. O transporte. A comercialização. Sua casa.
Uma simples cadeira para se chegar no produto final passou por centenas ou milhares de pessoas e procedimentos. Então ela é a soma de todas essas coisas anteriores.
E todas essas coisas anteriores têm como ponto de unificação o PENSAMENTO. Pois nada existe antes de ser pensado.
Tudo é assim, um emaranhado de coisas que se ligam umas com as outras, mas dão a falsa impressão de serem individuais e únicas.