TEOREMA XI
Atributos Divinos. Onisciência.
Tudo existe de fato e Nele (Universo) nada é oculto ou está escondido, porque as coisas existem continuamente de maneira clara, certa e determinada. A razão, compreensão e percepção humana não alcançam Tudo que existe.
ESCÓLIO XI
Nossa fonte cognitiva é limitada. Não há possibilidade de conhecer Tudo, mesmo porque somos fragmentos de Tudo. Estamos fadados a descobrir o que já existe conhecendo parte por parte.
Jamais vamos alcançar o conhecimento absoluto. Um ponto sempre será um ponto, ainda que faça parte de uma reta. Nosso destino é estar sucessivamente e aos poucos alcançando partes de Tudo, o que nos simboliza a idéia de descobrir. Dentro da nossa ótica estamos realmente descobrindo aquilo que nossa razão não alcançava. Entretanto, Tudo é imenso e jamais alcançaremos o todo, mesmo porque sempre seremos parte. A descoberta é infinita.
Porém para o pensamento divino, que se percebe por inteiro, Tudo lhe é conhecido. Ele se conhece por esses infinitos pedaços, dos quais fazemos parte. E cada parte que se conhece em si mesma integra o todo, de maneira que o pensamento divino torna-se coeso, claro, certo, ausente do mínimo resquício de dúvida, pois o contínuo exercício de cada parte conhecer-se leva a perfeição do todo.
O ser Divino sempre se conhece por inteiro, e, de maneira absoluta, porque cada átomo em si se conhece de forma própria buscando sempre mais conhecimento de si e de seus contíguos imprimindo em cada menor pedaço mais conhecimento, de modo que as freqüentes dúvidas possibilitam alcançar maiores conhecimentos que, ao final, refletem no Todo o maior conhecimento de todos: Conhecimento Absoluto.
Por isso Ele é onisciente. Nós e tudo mais somos parte imprescindível para sua onisciência.
Dentro desta filosofia concluímos o grande vazio da humanidade: temos a certeza que jamais conheceremos Deus. Infelizmente estamos destinados a vagar pela eternidade conhecendo apenas partes, sem nunca alcançar Deus. Jamais o conhecimento completo.
Acredito que cada pedaço ou parte do Todo está a todo o momento conhecendo a si mesmo, o que resulta em uma dialética constante, uma introspecção interminável das partes, de maneira que Deus conhecedor de Tudo se torna completo através dos diferentes entendimentos dos infinitos id do seu ego.
A isto denomino: NOUS DIVINA.
Recapitulando para explicitar esta idéia. A Nous é onisciente, pois tem a concepção e entendimento do sistema completo. Nós e todo resto que somos componentes do sistema conhecemos tão-somente particularidades. Na medida da nossa existência sempre buscamos conhecer cada vez mais e melhor essas particularidade, de maneira que todas essas buscas e ciências agregadas tornam robusto em conhecimento Todo Sistema.
Quando digo busca de ciência pelos componentes não me refiro apenas ao ser humano, mas tudo que existe. Pois acredito que até mesmo um micróbio ou a luz, por exemplo, ao longo da sua existência busca ciência e adquire conhecimento.