CONSIDERAÇÕES ACERCA DA FORMA

Toda forma de existência no Universo invariavelmente se constrói e se mantêm através de uma determinação, um esquema predeterminado, uma rotina bastante definida de antecedentes e conseqüentes de maneira a formar matéria, objeto e móbiles identificáveis. Este axioma é o fundamento dos princípios científicos, pois, o ser humano a partir desta constatação pode com bastante convicção afirmar que as explicações cientificas sobre a realidade não são meras criações intelectuais, mas representam a verdade da coisa em si.

Com o ser humano não é diferente, ou seja, tanto o ser no sentido material composto por suas partes físicas, químicas e biológicas; como o ser do ponto de vista do objeto imaterial composto por pensamento, é uma definição prescrita por um ordenamento lógico e previsível.

Quero dizer que cada ser humano apesar de parecer único é igual aos seus pares. Não há diferenças ou singularidades absolutas. Existe nuances da personalidade que imprimem a fictícia idéia de originalidade, mas, na realidade somos um organismo psico-biológico extremamente semelhante que se desenvolve através de uma mesma e única via.

Desde antes da concepção, no momento em que o espermatozóide fecunda o óvulo, há uma fusão genética de material psicobiológico somada a uma usual percepção individual.

A partir da genética geral da espécie obteremos os objetos do inconsciente coletivo, e, a partir da genética psicobiologia  familiar somada à sensualidade pessoal obteremos objetos inconscientes meramente individuais, ambos responsáveis por nichos humanos claramente identificáveis.

Os meios pelos quais o entendimento humano se constrói parte de duas matrizes: uma é a genética, isto é, todo material físico, químico, biológico e empírico acumulado ao longo de sucessivas gerações de uma mesma estirpe, responsáveis pela natural adaptação da linhagem. A outra, pela elaboração das experiências pessoais a partir da sensibilidade existencial.

Em função disso, torna-se claro que o homem carrega em sua essência um predeterminado esquema para o seu desenvolvimento físico-psíquico, que ao passar do tempo é constantemente alimentado com informações sensoriais de maneira adquirir uma configuração personalizada.

Todo homem em sua origem arcaica é igual, isto é, possui estruturas e órgãos preparados para atuar em uma mesma direção, ou seja, preservação de si mesmo através da força de vida; e, pronto para receber e processar informações. O que vai diferir um homem do outro é justamente o processamento da informação que pode adquirir milhares de interpretações e roupagens. Observe que até mesmo a interpretação da informação apesar de atingir grande número de formas é finita. Exatamente proporcional a gama e complexidade da genética geral.

Esta faceta da espécie é o principal elemento responsável pela identificação entre os seres humanos de modo a tornarem-se similares do ponto de vista físico e psíquico e, fundamentalmente, pela capacidade de conviver em sociedade a partir de uma homogeneidade do pensamento.

Aliás, isto não é exclusivo da espécie humana. Todas as formas de vida possuem seus esquemas predeterminados que identificam os sujeitos de uma mesma espécie. Esses esquemas são fruto de uma longa e gradual adaptação da sobrevivência, que apesar de ser bastante rígido sofre no curso de sucessivas gerações pequenas alterações de maneira a tornar a espécie mais capaz, resistente e adaptada. No caso do ser humano, essas alterações são diretamente proporcionais ao progresso físico e intelectual das civilizações.