DUAS CERTEZAS - UMA RELIGIÃO


O Homem é o único ser inteligente neste vasto Universo. Posso afirmar isto pois, até o momento, não há oficialmente noticia ou prova irrefutável de vida inteligente em qualquer outra parte que não o planeta Terra.

Não pretendo discutir a existência ou não de vida inteligente além da nossa, apenas digo que até agora somos a única espécie capaz de articular palavras, desenvolver processos cognitivos e, acima de tudo, pensar sobre nossa própria existência.

Em algum ponto perdido em nossa Historia, em algum passado bastante remoto, a espécie humana adquiriu a capacidade de raciocinar, o que representou um salto gigantesco na evolução e criou um enorme abismo separando-nos das outras espécies, já que passamos a ocupar o topo da pirâmide evolutiva.

Mas, este grande feito além de nos tornar capazes de adaptarmo-nos a quaisquer circunstancias, erguermos obras grandiosas, dominarmos o mundo trouxe o outro lado da moeda, isto é, pensarmos no sentido de existirmos.

Portanto, desde muito cedo fomos acometidos por pensamentos de insegurança e incerteza, uma vez que a pergunta primordial da vida não encontra resposta.

Quem somos? De onde viemos? Por quê?

Esta questão existencial é de uma dicotomia extravagante, uma vez que, é angustiante e perturbadora, por outro lado, é a força motriz para o homem continuar sua caminhada querendo sempre descobrir, se aprimorar, alcançar a plenitude.

Por causa da nossa capacidade de pensar construímos duas certezas apoditícas. Em nosso mar de incertezas temos duas certezas que são incontestáveis, além de ser a mesma para qualquer ser humano do planeta: mortalidade e ignorância.

O Homem sabe da sua condição mortal. É a única certeza que adquire assim que começam os primeiros delineamentos do raciocínio lógico. Ainda em tenra idade o ser humano se depara com a realidade insofismável: a morte.

Esta constatação que surge em nossos primeiros dias de vida posso afirmar que também surgiu nos primórdios dos nossos ancestrais, quando o homem ainda era tão rudimentar como um macaco.

A outra certeza irrefutável é a nossa ignorância. Igual a morte sabemos desde muito cedo e nossos ancestrais também sabiam que nosso conhecimento é muito pequeno. Temos certeza que esse Universo é muito vasto e conhecemos apenas uma mínima parcela. Temos certeza absoluta da nossa ignorância.

Estas duas “certezas” que nos perseguem desde sempre são, na minha opinião, a origem de todas as religiões.

A religião, portanto, seja ela qual for, é um desdobramento, uma conjectura dessas duas “certezas” que o Homem carrega consigo.