QUE PAÍS É ESTE?


O FATO DO PRINCÍPE

Não sou a pessoa mais indicada para versar sobre a história do Brasil, tampouco, analisar a sociedade contemporânea a luz das alterações e inalterações sociais ao longo dos anos, mas, creio que pelo que trago de experiências vividas e cidadão imbuído de plenos direitos políticos tenho legitimidade – e cidadania –  para expor uma analise sobre a política brasileira.

Há muitos séculos fomos colonizados pelos portugueses, em outras palavras, fomos explorados, aviltados, destituídos, insultados, destruídos, subjulgados por um Poder Europeu que tinha conhecimento, civilidade, história e soberba, principalmente, porque eram por natureza social adeptos ao regime do Rei. O Senhor soberano que ungido por Deus detinha todas as prerrogativas e verdades.

Enfim, a família real apesar de não ser nenhum “ente divino” - aliás cometia devaneios que a aproximava do capeta – desfrutava de todas as mordomias e exageros que são comuns a esta classe, escusados pelo argumento de serem pessoas abençoadas. Enquanto a grande maioria das pessoas vivia na mais degradante miséria.

Os únicos que se esbaldavam com as migalhas do poder – cujas migalhas eram maiores que qualquer bom almoço do pobre – eram os “amigos do Rei”, isto é, a aristocracia que apesar de não ter parentesco direto tinham alguma afinidade.

Alguns séculos adiante surgiu a República, forma de governo “perfeita”, na qual a divisão de três Poderes independentes e harmônicos entre si, isto é, o Poder Legislativo cria as leis conforme as necessidades da população de maneira a tornar a sociedade igualitária e humana; o Poder Executivo coloca em ação essas Leis de maneira imparcial e geral para que todos tenham as mesmas oportunidades, sempre objetivando a igualdade e proteção entre as classes sociais; o Poder Judiciário decide  e apazigua eventuais excessos ou escassez desta igualdade de forma a alcançar a plenitude entre os diversos cidadãos. Lindo! Mas não é realidade. Aqueles que detinham o Poder ou estavam em postos de comando regozijavam-se com as mordomias do status, tornando tudo e todos desiguais.

Com o passar do tempo veio o autoritarismo, um sistema de governo baseado no poder disciplinador dos Militares. Novamente apenas uma pequena classe de “escolhidos” se esbaldavam em luxuria. O resto foi torturado, amordaçado, pisoteado, escarnecido e morto.
Alcançamos a Democracia. O Poder é do povo e para o povo. Criam-se Leis que defendem a igualdade entre os seres, a isonomia pura, onde todos têm as mesmas possibilidades e oportunidades. A Justiça. Que lindo! Se fosse verdade.

Elegemos um representante (para o Poder Executivo) para administrar nossos negócios, nossa vida social, nossa segurança, nossa saúde, nosso bem estar, nossa cidade. Mas, não temos nada disso. É difícil equacionar todos esses desejos, compreendo. Mas, estaria melhor se percebêssemos a prosperidade de muitos e não apenas a aviltante concentração de riquezas de alguns poucos, principalmente aqueles que estão ao lado do nosso representante (ou o próprio representante). É difícil compreender que ele cada vez mais tem as benesses do dinheiro e para todos os outros não sobra um centavo no final do mês.

Elegemos um representante (para o Poder Legislativo) para que possa criar leis e meios para a sociedade prosperar e trazer benefícios para a coletividade, sempre buscando análise justa para igualdade social e em prol da comunidade, além de fiscalizar o Executivo no sentido de verificar os gastos públicos e suas necessidades. MENTIRA. Não sabemos para que elegemos estes representantes, nem mesmo eles sabem para que são eleitos. São todos ignorantes do seu ofício, ou o ignoram deliberadamente.

Atuam apenas resolvendo problemas particulares dos seus eleitores particulares. E o resto da população?

- Que população?!

- Tenho meus eleitores! Alguns eleitores.

Novamente os amigos do amigo do Rei.

Nada se cria em prol de uma coletividade. Tudo se constrói em prol de uma particularidade. Aqueles eleitores que são amigos do representante que é próximo ao soberano.

O chefe do Poder Executivo para consertar uma anomalia da Divisão dos Poderes que é um atributo nefasto e incongruente da República cria mensalão, mensalinho, acordos espúrios, negociatas e congêneres.

Desta maneira se resolve o problema da divisão. Vamos todos governar em uma única mão. Em direção daqueles que nos interessa, para sempre operar a manutenção do nosso Poder.

Portanto, a figura de divisão dos Poderes, cada qual com sua autonomia são esdrúxulas. Nada disso, voltemos ao que sempre deu certo: o Rei e os amigos do Rei.

Assim vivem todas as prefeituras dos Estados do Brasil.

Dentro desta idéia “justa e possível” como governabilidade, loteamos cargos nos órgão públicos.
É Secretário disto, é cargo comissionado daquilo, é presidente de comissão daqueloutro.

Pessoas sem qualquer inclinação para o cargo.

Pouco importa o dom ou ideologia. Importante para auferir sua remuneração é a capacidade – cuja capacidade é a quantidade de “res cativa” que consegue agrupar, isto é, a quantidade de eleitores que aprisiona.

Entre aqueles que são de estreita confiança do “Rei”, como é o caso de Ministros e Secretários, é compreensível. Porém, os chamados cargos comissionados (que sobrecarregam as contas públicas) não há lógica ou prudência, pois são pessoas destituídas de qualquer qualidade específica que ocupam cargos específicos com a qualidade de ser algo que nem chega perto de ser.

Tudo porque somos amigos do cara que é amigo do Rei.

E o Poder Judiciário?

Imparcial, sempre usando do vasto conhecimento jurídico para dirimir os conflitos sociais exarando a sentença justa e verdadeira. MENTIRA.

A lógica é linda, mas não é real.

Os grandes escritórios direcionam o juízo. Tornam o juiz parcial, influem na recepção e dispersão.
O Rei acorda com o Judiciário, dorme com o Legislativo, vive em paz lograda, sucumbida, aproveitada com Poderes que não existem – na verdade existem apenas no papel.

Vivemos um Brasil viciado. Dependente da droga do Poder. Entorpecente do ser, estar e poder.

Viciados no amigo do Rei (ou do próprio Rei). Desde quando colonizados.

VIVEMOS UM PAÍS VICIADO.