AONDE NOS LEVARÁ A COMUNICAÇÃO?

Um dos motivos de o ser humano ter se desenvolvido como espécie se deu, exatamente, pelo fato de ter estabelecido a comunicação.

Por meio de uma compreensão inconsciente somado ao entendimento consciente dos sinais e símbolos articulou um complexo sistema de interação social.

A partir disto surge, no homem, a necessidade intrínseca de não só compor a individualidade através da expressão coordenada, mas, sobretudo, deixar registrado sua manifestação individual através da comunicação indelével.

Neste momento surgem as manifestações gráficas ou visuais.

Nossos antepassados deixaram registrados em desenhos rupestres suas emoções, seu cotidiano, suas crenças e necessidades, as dificuldades e tudo o mais que viveram.

Não só o fato de interagirem socialmente através da comunicação quiseram ou necessitaram deixar marcado, para que outros conhecessem suas atividades e anseios.

Das cavernas paleolíticas atravessamos milênios e chegamos ao Facebook.

As atuais redes sociais e, mesmo a internet em si nada mais são do que uma versão melhorada da comunicação registrada nas cavernas dos nossos ancestrais.

No percurso da necessidade comunicativa o homem se expôs de todas as formas e maneiras.

Inventou a escrita, a arte, a música, o teatro, a fotografia, a escultura, o discurso, o livro e toda e qualquer forma de comunicação entre a própria espécie.

O ser humano se reinventou nas formas de falar e, principalmente, se mostrou em diferentes graus de intimidade. O ser humano conhece a si mesmo pelo fato de conhecer a particularidade e intimidade do outro. Temos os mais variados níveis de exposição da intimidade expresso pelos mais diferentes tipos de pessoas, o que compõem um caleidoscópio imensamente rico capaz de perpetuar o conhecimento.

A comunicação em rede ou, mais apropriadamente denominada digital, representa para mim a revolução que se sobrepõem a todos as outras, é de longe mais importante que a revolução industrial, apesar de que uma não seria possível sem a outra, pois são complementos necessários do desenvolvimento humano.

Penso que - a destruição dos preconceitos, equacionamento das discriminações, tolerância das diferenças, harmonia da pluralidade – coisas arduamente defendidas pela sociedade, alvo de normatizações legais e gerais, através de compromissos e pactos mundiais ocorrem pela maciça comunicação dos registros individuais.

Cada vez mais sofremos a interferência da comunicação em nossas vidas. Estamos, a todo o momento, de alguma maneira sendo monitorados e nossas ações são publicadas ou expostas a muitas outras pessoas, por exemplo, as câmeras públicas de monitoramento ou de edifícios particulares, bancos, hospitais e tantas outras.

Além da comunicação forçada, temos a comunicação voluntária, aquela manifestação intencional do cidadão através, principalmente, dos meios digitais.

Porém, apesar de tudo isto guardamos respeito pela nossa intimidade, portanto, na mesma proporção que os meios de comunicação em massa crescem, mecanismos de defesa da exposição da intimidade aumentam através de normas e Leis.
   
Recentemente o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu o monitoramento de dados de internet de usuários de todo o mundo e ligações telefônicas nos Estados Unidos feito pela Agencia Nacional de Segurança.

No seu discurso argumenta a proteção dos cidadãos contra ataques terroristas. 

Na verdade, estamos entrando em uma nova fase da comunicação humana: a comunicação globalizada. Na qual a exposição humana ultrapassa os limites do restrito convívio social para ganhar fronteiras imensuráveis nas redes sociais.

As pessoas expõem suas vidas, seus cotidianos, seus trabalhos, amizades, inimizades, felicidades, infelicidades, enfim, deixam registrado nas “paredes das suas cavernas” o dia-a-dia que pode ser acessados por milhões de pessoas.

Este acesso irrestrito da vida das pessoas começa a se institucionalizar a partir do momento que entes governamentais se revestem de legitimidade para acompanhar de perto a vida de cada um. A idéia é que se não tem nada a esconder de prejudicial à sociedade porque não ser perscrutado? Mas, quem irá quantificar o benéfico ou maléfico a sociedade? Haverá equidade?


Uma realidade é inevitável: estamos inseridos em um mundo monitorado. Nossa imagem é capturada constantemente, nossas ações são freqüentemente acompanhadas para estatísticas políticas, comerciais ou de relevante interesse social. Vivemos num mundo integrado. Querendo ou não querendo somos, na acepção da palavra, um ser social.