A NATUREZA DETERMINANTE


   O ser humano é um animal perverso. Levado pela inescapável natureza ou, em outras palavras, pela competição evolucionista onde sobrevivem os mais aptos, ele pratica atos de mesquinhez, futricas, vilipêndio, intrigas, discórdia, peleja e toda sorte de disparo energético que perfura o espírito da vítima. Somos todos francos atiradores prontos a rechaçar ataques e ferir mortalmente o inimigo.

Somos propensos a nos unir com os mais próximos. Formamos clãs ou pequenos exércitos cujos membros são escolhidos pelo simples fato de estarem cotidianamente ao nosso lado e, portanto, conhecermos mais intimamente do que aqueles que se encontram um terço distantes.

Baseados nesta união aleatória - quando não se trata da família, pois está falarei mais adiante - mas, especialmente nas relações sociais, principalmente trabalho, juntamos uns aos outros, em pequenas casamatas para atirarmos e nos protegermos de tudo aquilo que seja uma prospectiva ou expectativa de ameaça a nossa sobrevivência pelas outras casamatas que compõem o grande campo de batalha. 

As pessoas sempre que estão envolvidas ou inseridas num ambiente em que se deve mostrar a aptidão e capacidade como meio de assegurar posição de existência no ecossistema vão dispor de todos meios legais e ilegais, morais e imorais, éticos e antiéticos para preservar sua exata posição no campo de batalha.  

Muitas vezes, dentro do próprio exército há dissidentes revoltosos. Então a batalha que deveria ser externa, de uma área geográfica maior, passa a ser interna, dentro das próprias fronteiras. E, se não for tomada uma atitude drástica e em tempo para cessar o motim todo o grupo estará ameaçado, pois, certamente, se fragmentará, e cacos não sobrevivem. A isto se deve maior atenção, já que representa o maior perigo para sobrevivência.

Em suma, vivemos numa selva onde devemos caçar para sobreviver, e cada qual quer acumular maior quantidade de caça que passa a ser representada pelo salário. Portanto, a caça alheia é sempre cobiçada e os métodos utilizados por aqueles que a detêm sempre estarão sob julgamento pernicioso como forma “dos outros” valorizarem seus próprios métodos.

Pequenos grupos que se formam e tentam proteger-se mutuamente são maneiras eficazes de suportar as constantes batalhas nesta selva de pedra.

A família, que não representa um grupo aleatório e sim um grupo natural é o meio mais seguro de sobrevivência. Geralmente se pode atribuir alto grau de confiabilidade, além de servir como renovador das forças e esperanças para uma nova batalha.

Isto tudo é nosso instinto selvagem agindo além da razão e tentando se firmar num mundo inóspito e cruel.

Por outro lado, felizmente, temos a razão e cognição para encarar o mundo com sentimentos bons e juízos morais que impedem ações irracionais e violentas.

Mas, ainda assim não deixamos de sermos animais soturnos. Alguns mais que outros.

E isto, em minha opinião, é a causa de muitas doenças que afligem a raça humana, bem como, sofrimentos físicos e psicológicos e também a violência.

Infelizmente não somos seres pacíficos.