O jornal
“Agora” (20/08/2013) noticiou que uma mulher Australiana de 41 anos ressuscitou
após passar 42 minutos clinicamente morta no Centro Médico Monash de Melbourne.
A
australiana sofreu um ataque cardíaco e ficou com uma das artérias
completamente bloqueadas. Foi declarada clinicamente morta pela equipe medica –
isso significa que a paciente parou de respirar e que seu sangue parou de
circular.
Mesmo assim
os médicos não desistiram e após 42 minutos, o coração da australiana voltou a
bater.
Ela disse ao
voltar: “Recordo de estar no meu sofá, depois no chão, depois chegando ao
hospital e depois dois dias desapareceram”.
Tal fato me
deixou estupefato, fui acometido por uma idéia horrenda, de um absurdo
sentimento vazio e tenebroso que poucos têm coragem de vivenciar.
Mas, encarei
a idéia de frente e passei, apesar do contragosto, raciocinar sobre a questão.
Cada vez que refletia sobre o pensamento que, naquele momento, invadia meu ser
sentia um vazio imenso misturado com uma indescritível aflição que teimosamente
abafei em prol da articulação isenta, de maneira a afastar o sentimento e
concretamente raciocinar com pura razão, de modo, a alcançar alguma explicação.
Explicarei.
Uma pessoa
que ficou 42 minutos considerada morta seria tempo suficiente para sentir ou
vivenciar a morte. Porém, não foi isso que aconteceu. Penso que seria a
oportunidade da pessoa testemunhar a vida depois da vida, ou, a vida após a
morte.
Mas isso não
aconteceu. Ela se reservou a dizer que “dias desapareceram”. Como se, durante
este lapso de morte, ali acabasse, nada existisse.
Isto me abalou
ao mesmo tempo em que encarei a idéia.
E se nada
existir?!
Quero dizer,
morrer é o fim. Fim absoluto.
Pensei no
ateísmo radical e de como é triste esta crença, mas, poderia ser ela uma verdade.
A vida
talvez seja apenas a frieza da ciência pura, isto é, uma combinação de fatores
e elementos que, por sorte, reunidos em determinadas condições geraram
organismos que com o tempo evoluíram tornando-se cada vez mais complexos. Mas,
sem qualquer finalidade filosófica ou espiritual, sem haver um criador
consciente e volitivo, ausente de uma alma ou espírito eterno, sem outra vida a
não ser esta única oportunidade que surgiu de maneira aleatória.
Pensei que a
vida persiste em si mesma, como o fato de não existir nada além, ela cria e se
recria infinitamente como maneira de compensar o fim. Por exemplo, um
formigueiro com seus milhares de formigas podem simplesmente ser destruídos
porque outro formigueiro será construído mantendo a existência da formiga, porém,
não há o menor significado ou importância na individualidade de cada formiga
morta.
Pensei ser
uma estratégia da natureza criar e se recriar constantemente de maneira a
manter as coisas vivas, entretanto, sem qualquer consciência e muito menos a
intervenção de uma força ou coisa divina, tão-somente, um feliz acaso do
procedimento natural.
O homem, por
seu lado, nada seria diferente de um enxame de moscas massacradas por
borrifadas de veneno em aerossol ou muitas formigas amassadas por uma sola de
sapato.

Para superar
ou amenizar o fim puro e simples que se traduz por completa falta de
significado o ser humano cria toda forma de crença e religião, política, moral,
enfim, toda forma de pensamento que desenhe um significado agradável de ver e
sentir.
Tentamos a
todo custo nos agarrarmos em idéias e crenças por mais frágeis e
inconsistentes, somente para aliviar a falta de significado e insignificância da
vida ou do nosso ser.
É cruel
pensar que ao morrer acabaremos não teremos nenhuma revelação, nenhum paraíso,
nem inferno, não haverá anjos, nem demônios, não haverá espírito, alma ou
consciência de si mesmo e, sobretudo, não haverá um Deus, tampouco, a explicação
do sentido da vida, só porque morrer é fim, é nada.
Isto é
realmente apavorante. Por isso: “Que Deus me ajude.”