Qualquer
pessoa que conheça um pouco da história do Brasil, nem precisa muito, basta
conhecer um pouquinho, como é o meu caso, sabe que o famoso grito da
independência foi uma conveniente e bem arquitetada estratégia política para a
corja de sempre manter-se no Poder.
Não houve
ideologia, sentimentos patrióticos, engajamento das massas, lutas libertárias
ou qualquer ato de fervor nacionalista.
Na verdade,
não passou de um bando de soldados da “situação” (ou mais especificamente
atrelados à Coroa Portuguesa), com um comandante igualmente da “situação” que
resolveram sepultar de vez os ânimos e anseios da população. O famoso “cala-te
boca”.
Vamos
retroceder a estória. Mais ou menos quarenta anos antes da independência existiu
um movimento chamado inconfidência mineira.
Por volta de
1783 alguns importantes membros da classe abastada de Minas Gerais, dentre eles
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes – aliás, o de menor patente e
dinheiro entre os conspiradores – resolveram reunir-se e tomar alguma atitude
contra a exploração dos portugueses, que através do Rei soberano da Coroa
cobrava altíssimos impostos da população, vilipendiando-a contumaz.
Já naquela
época este grupo tinha idéias de independência, não do Brasil porque ainda não
havia um, mas da exploração de Portugal que tinha uma nobreza corrupta e ambiciosa.
Porém, como
todo mundo sabe, em 1792 fizeram um acordo com o grupo, alguns se venderam,
outros se safaram e o bode expiatório que sofreu a degola foi a ponta mais
fraca da corda: Tiradentes.
O tempo
passou, mas não aplacou os ânimos da população.
Em 1798 a
população humilde e pisoteada, predominantemente composta por artesãos,
soldados e negros libertos fez a conjuração baiana, que pretendia, mais uma
vez, se libertar da exploração de Portugal. Obviamente foi rechaçada.
Até que em
1808, quando Napoleão ameaçava invadir Portugal e tomar o País “na mão grande”
a família real portuguesa teve uma boa idéia: Vamos fugir para o Brasil porque
quando Napoleão chegar não vai ter rei para depor.
E assim foi
feito.
Veio toda a
corja da família real para o Brasil.
Aqui ficaram
morando; convivendo com a população; mandando e aviltando de perto os
subalternos cidadãos; pintaram e bordaram.
A família
real gostou do Brasil, afinal farrearam com as nativas, se divertiram com o
povo e tinham servis “felizes e sorridentes”. Estabeleceram uma relação de
nobreza e servidão.
Mas o povo
não tinha sangue de barata, então, em 1817 estourou a revolução pernambucana,
que não agüentando a exploração queria separar de Portugal. Mas, novamente,
tomou paulada das grandes.

Como já
disse o povo descontente pipocava revolta em todo canto. A coisa tava feia e
passou a piorar.
Portugal
queria recolonizar, impondo mais pressão ao povo.
Dom Pedro I
havia feito aliança com os grandes proprietários rurais que tinham interesses
diferentes da Coroa Portuguesa e, para piorar, o pai dele, Dom João VI, lá em
Portugal dizia que Pedro, aqui no Brasil, não tinha tanto poder quanto pensava,
pois ele, o pai, é quem mandava.
E mandou-o
voltar para Portugal. Mas se ele voltasse perdia seu poder. Ainda mais, sabia
que existiam diversos grupos revoltosos que estavam loucos para tomar o poder.
Sabia que a estratégia do pai não era boa. Os ânimos estavam inflamados. O
povo, cedo ou tarde, tomaria as rédeas.
Então, em
janeiro de 1822 Dom Pedro resolveu desafiar o pai e tomou a atitude de
desobediência: "Se é para
o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que
fico!"
Povo
descontente; ricaços pressionando; o pai severo, controlador queria destituir
todos os atos do filho; tudo isso fez com que Dom Pedro I pensasse: “melhor eu
tomar uma atitude antes que me passem uma rasteira”.
Até que em
1822, em um dia cruel com desarranjo intestinal, Dom Pedro I reúne seus
soldados e vão ao riacho Ipiranga, em São Paulo. Pedro manda dar uns tapas na
cara de alguns transeuntes que tiveram a infelicidade de passar pelo local e, montado
no seu cavalo, grita: independência ou morte. Todos se entreolham, gritam:
Viva! E, voltam todos para casa. Estava feita a independência.
Mas sabe
como é, família é família, herança é herança. Com a morte de Dom João VI as
coisas não andavam boas em Portugal. Aqui no Brasil o povo não confiava em Dom
Pedro, além de seus problemas domésticos, incluindo amantes.
Ele pensou:
“sabe de uma coisa, vou-me embora para Portugal cuidar do meu patrimônio e
voltar para perto de meu povo”.
E assim fez,
abdicou ao trono e se mandou pra Portugal.
E o Brasil?!
O Brasil! -
disse ele. – Esse paizinho aqui qualquer criança toma conta.
Foi o que
fez: deixou seu filho de cinco anos no comando do Brasil.
Mas, essa já
é outra estória...