MUNDO SELVAGEM

A violência é a única saída.

A forma de resolver definitivamente as coisas é através da brutalidade sem medida ou com medida.

Quanto maior o grau de violência melhor será o resultado.

Estas frases podem soar um tanto quanto “politicamente incorretas” ou moralmente erradas, mas, a verdade é que nossa espécie humana agressiva, violenta e bélica resolve seus problemas por meio de uma elaborada e bem arquitetada maneira de ferir com brutalidade para amenizar e pacificar. Somos animais belicosos.

Vou provar esta afirmação. Raciocinemos juntos.

Desde muito pequenos, nos primeiros anos de vida, quando estamos conhecendo o mundo é comum mexermos, degustarmos todas as coisas que encontramos pela frente. É natural, pela própria dinâmica do conhecimento, pegar e sentir as coisas, principalmente através do paladar.

Ocorre que os adultos já possuem a noção daquilo que oferece perigo ou não, diferentemente da criança. Então, uma forma de preservar a saúde da criança é impedi-la de certos atos.

Este impedimento ocorre por meio de uma repreensão verbal severa ou uma repreensão física moderada.

Há uma discussão entre psicólogos e educadores qual maneira é correta para impor limites ao ser em desenvolvimento, entretanto, na prática, todos aplicamos a repreensão verbal ou física leve como forma coercitiva e educativa.

A coerção verbal deve ser firme, clara e incisiva. A coerção física deve ser forte sob medida, suficiente e decisiva.

Nos dois casos há uma violência comedida, porém nítida e suficiente para impor temor à vítima.

O fato de discutirmos os limites da violência é prova cabal de que a utilizamos com freqüência, seja verbal ou física.

Continuando o raciocínio...

Crescemos e desenvolvemos. 

Quando somos maiores e estamos nos relacionando com pares da espécie, por volta dos sete aos dez anos, é comum a violência lúdica.

Brincamos de guerra, lutas, toda e qualquer forma de brutalidade lúdica, que por ser uma brincadeira tem uma conotação pacífica e formação de liderança (prevalência do animal dominante), desde que um adulto esteja por perto para impor limites, sob pena de ultrapassar a brincadeira e transformar-se em briga.

Mas é natural as crianças usarem da violência para formar o caráter e compreensão do mundo e do relacionamento interpessoal.

Crescemos ainda mais e a violência tende aumentar. Por volta da adolescência e juventude uma forma eficaz de se impor é a violência desmedida. Neste caso não há pais por perto, então os embates físicos como forma de preponderância se tornam mais comuns. Muitas vezes podem ser fatais.

Tornamo-nos adultos. Transformamos a violência em um instituto, em uma instituição.

Criamos leis para guerra, códigos para violência e seus limites, enfim, institucionalizamos a violência.

Organizamos grupos violentos por meio de técnicas, procedimentos, coordenação, comandos, hierarquias tudo baseado em um complexo sistema legal com o objetivo de combater, prevenir ou pacificar grupos humanos violentos ilegais.

Desta maneira, temos Secretarias e Ministérios armados, exércitos, polícia, etc.

Utilizamos a violência ordenada em oposição à violência desordenada.

Recentemente grupos civis sírios manifestaram-se violentamente contra o regime de Bashar al-Assad cuja retaliação do governo causou a morte de centenas de civis através do uso de armas químicas. Mais uma vez violência contra violência.

O governo dos Estados Unidos da América agindo como interventor internacional de conflitos, somado a interesses políticos e estratégicos anunciou uma possível invasão militar no país Sírio

Novamente resolvendo violência pela violência, pois é a única lógica possível contra grupos humanos dicotômicos, que são inflexíveis cada qual ao seu lado.

Existe uma conhecida afirmação de que um País deve manter um forte e bem treinado exército para conseguir a paz, ou seja, a intimidação de um poderoso exército teria a capacidade de inibir o ataque de outro país, e, desta maneira, reinaria a paz.

Em suma, quanto mais violento e destrutivo for o País, maior será a manutenção da paz.

Isto não ocorre apenas externamente, também internamente. A solução de conflitos internos sempre se resolve através de uma policia ostensiva e repressiva, em outras palavras, através de uma violenta polícia com capacidade de usar técnicas eficazes e coordenadas de ataque.


Violência é a lógica. Atitude pacífica é só falatório moral que de nada adianta.