Ontem foi a noite de inauguração do Rock in Rio, que tem de tudo menos o
gênero musical que emprestou nome ao evento. É um festival eclético: com axé,
pop, funk, clássico, popular, hiphop, dance e quase nada de rock.
No entanto, esta escassez de bandas de rock não é culpa dos
organizadores, mas da nossa infértil época onde não há nada de novo. Faz uns
dez anos ou mais que não se produz rock de qualidade.
Rock é juventude contestadora, sonhadora, cheia de energia e conceitos
utópicos que vivem intensamente a vida e querem gritar ao mundo suas idéias.
Este tipo de jovem, ao menos na seara da música e principalmente no Brasil,
mostra-se apático, ou, está tão despreparado culturalmente que não consegue se
expressar por meio do ritmo e letra.
Hoje a música brasileira esta pobre e a mundial desértica.
A prova disto é que o mais se tocou no Rock in Rio foram bons velhos
roqueiros fazendo tributo a bons roqueiros mortos.
Ficamos num saudosismo do Rock.
O que há de melhor já passou. Claro que a música de qualidade é
exatamente isto, ou seja, aquela que perdura e transcende épocas. Mas, não me refiro apenas aos clássicos, que
são sempre insubstituíveis, também aos ótimos recentes como Nirvana, Linkin
Park, Pearl Jam, Red Hot, só para citar alguns. Mas, isso é passado.
Depois disto, não ouço revelações de quilate. Temos que aguentar um Rock
in Rio baseado no pop comercial ou nos bons tributos aos mortos.