A FOFOCA COMO MEIO DE CONTROLE EXTERNO E INTERNO PARTE III

QUANTO À ESPÉCIE

A fofoca pode ser Inventada. De todas as espécies esta é a mais nefasta. Carrega o nome de fofoca com bastante propriedade, pois serve apenas para denegrir o conceito de alguém ou causar discórdia entre pessoas.

Ocorre quando palavras, ações ou fatos relativos a uma pessoa são completamente deturpados e modificados intencionalmente por uma terceira pessoa com o intuito de espalhar a invenção atingindo negativamente a reputação daquela pessoa.

Nesta espécie de fofoca o autor age dolosamente, com intenção de enganar, manipular outras pessoas e, com isso, conseguir apoio suficiente para engendrar seu plano final de depreciar a moral de alguém.

  Mas dificilmente uma mentira é sustentada por muito tempo, portanto, cedo ou tarde a fofoca é desmascarada e se revela a verdade, de maneira que, os olhares de reprovação se voltam para o autor.

Geralmente são pessoas com baixa estima que usam deste artifício com a fantasia de conseguir algum respeito em seu meio, mas acaba surtindo efeito contrário, pois ao longo do tempo são classificadas como fofoqueiras.

 A fofoca pode ser meia-verdade. Uma espécie que pode ser ofensiva ou inofensiva.

Ocorre quando palavras, ações ou fatos relativos a uma pessoa são superlativos de superioridade ou inferioridade, dependendo do que se pretende alcançar.

A partir de uma verdade o autor acrescenta ou retira informações importantes, de maneira que, a estória adquire uma conotação além da realidade refletindo positivamente ou negativamente, mas sempre, diferente do ocorrido.

O autor geralmente desconhece o fato na sua totalidade, portanto, supre as lacunas com invenções oriundas das suas convicções ou suposições.

Caso o Autor pretenda atacar a vítima retirará do fato os elementos que dão significado ao ocorrido e elementos positivos, além, de acrescentar julgamentos e considerações recriminadoras.  Assim, a estória perde seu verdadeiro sentido e os fatos desconexos e com carga negativa dão conotação ruim a atitude ou moral da vítima, exatamente como intentado pelo autor.

Caso o Autor não tenha intenção de atacar a vítima usará do mesmo estratagema acima explicado com a variante de acrescentar coisas positivas ou retirar as negativas, de maneira que, o fato passa a ser surpreendente, extraordinário, que em alguns casos, supervaloriza as qualidades da vítima.

A fofoca pode ser verdade. Uma espécie de controle social interno ou externo que tem objetivo de demarcar conceitos morais de um grupo.

 Ocorre quando palavras, ações ou fatos relativos a uma pessoa são espalhados, comentados por todo grupo social.

Nesta espécie há diversos Autores, pois é contado por muitas pessoas dentro de determinada comunidade. Geralmente serve de paradigma para discussão sobre os limites morais aceitos pelo determinado grupo, pois todos se manifestarão com um julgamento moral próprio, ora recriminando, ora legitimando a atitude da vítima.

Por isso digo se tratar de um controle interno ou externo, pelo fato, de representar assunto de discussão moral entre o grupo.

É uma espécie importante porque define os limites comportamentais do grupo.

A fofoca pode ser invasiva. Espécie que não contribui em nada para o desenvolvimento do grupo, tão-somente desrespeita os limites da privacidade.

Ocorre quando palavras, ações ou fatos relativos a uma pessoa, que não interessam a nenhuma outra, são culposamente disseminados.

Coisas íntimas e privadas que deveriam permanecer apenas em âmbito restrito são espalhadas displicentemente de maneira que acarreta enorme prejuízo à vítima em face da intromissão além da conta baseada num mórbido desejo de curiosidade da sociedade.


Assim, termino a classificação quanto à espécie. Em momento oportuno discorrerei quanto ao gênero.