A REALIDADE NÃO É VERDADE

A vida é realmente uma aventura incalculável. Durante o tempo que por aqui caminhei, e, continuo caminhando, reflito e tento encontrar uma formula que possa definir a vida.

Rascunhei idéias, verifiquei axiomas, observei assertivas, conclui pensamentos.

Li e reli livros de pensadores, filósofos, escritores, poetas, cientistas.

Escutei os néscios, aprendi com os leigos, fui ouvinte dos eruditos.

Com os antepassados tive lição, com os mais velhos baixei orelhas, com os jovens compartilhei atenção.

Convive com ricos, com pobres, benfeitores e malfeitores.

Vivi maledicências e benevolências. Tive o prazer de escutar quem não tinha nada a dizer e o desprazer de quem se considerava ter muito a falar.

Conheci teorias, argumentações, certezas, afirmações. Também, erros, digressões e imprecisões.

Tudo fez sentido em minha mente. De todas as pessoas que por mim passaram; por mim deixei passar, e, que por elas também passei, algo de valioso e correto absorvi ou absorvemos.



Então, tive uma curiosa revelação.

O mundo é igual, as coisas são rotineiramente as mesmas, tudo é sempre igual. A realidade é linear.

A diversidade do mundo não está no mundo, mas no ponto de vista que cada pessoa tem sobre o mundo.

O mundo não é diferente nem guarda a diversidade absurda que acreditamos. Simplesmente, assim nos parece porque somos diversos na idéia.

O mundo tem diferenças na mesma proporção da quantidade de seres humanos que habita, pois cada um tem uma ótica exclusiva das coisas, que quando compartilhada formam nichos de raciocino.

Charlie Darwin percebeu isto quando descobriu que toda forma de vida surgiu de um parente em comum. Na verdade não somos diferentes, apenas cada qual pensa diferente e, logo, entendemos as coisas como diferentes.

Em qualquer sistema confinado, isto é, um local onde convive uma quantidade de pessoas, pode-se perceber este fenômeno.

As coisas são as mesmas, o local é o mesmo, os equipamentos são os mesmos, a rotina é a mesma, mas cada qual se entende e entende seu ato de maneira muito peculiar, então, a mesmice passa ser diferente, de maneira que podemos discutir um mesmo assunto como se fossem assuntos distintos.

Ocorre que tentamos, a todo custo, cada qual na sua intimidade, prevalecer sua forma de pensar, isto é, sua forma peculiar de observar o mundo e compreender a realidade. Tentamos, a todo o momento, transformar uma verdade interna em uma realidade externa.

Porém nos deparamos com as outras tantas verdades que convivem comitantemente, o que causa choque, embate.

A realidade da existência é única, mas adquire zilhões de facetas através do olhar de cada um.

Cada um tenta, de alguma forma, impor sua verdade, afinal é a maneira que entende o mundo. É como aprendemos a sobreviver nesta constante luta do mais apto.

Muitas vezes a imposição da verdade de um não se coaduna com a verdade do outro. Ocorre o confronto.

Quando a verdade de um combina com a verdade do outro há união, aliança.

Porem, em ambos os casos não se trata de realidade, pois ela não nos pertence.


Apenas a idéia nos pertence.