REMEMORAÇÕES DE 08/08/2006 COM ALTERAÇÕES DE 2013

Como ensina o grande mestre e inspirador Baruc de Espinosa, o ser humano tem a possibilidade de alcançar a verdade através do uso adequado da racionalidade.

Atingir a verdade é um termo que deve ser cuidadosamente analisado sobre dois aspectos diferentes: um a total verdade das coisas e outro a parcial verdade das coisas. Ambos casos estarão revelando uma ou algumas dimensões da verdade.

A verdade absoluta jamais será alcançada haja vista – de acordo com Espinosa – não nos pertencer intrinsecamente já que somos parcialidade e não totalidade da coisa.

Esta idéia se tornará mais clara e evidente quando eu dissertar minuciosamente sobre o Tratado. No momento resta esclarecer quais as ferramentas disponíveis para construir o Tratado e, conseqüentemente, produzir uma verdade.

Obviamente que a única ferramenta capaz de servir este fim é o intelecto humano. Através do conhecimento racional, aplicado com prudência, diligencia, leituras-releituras quantas vezes for necessária, se é possível obter alguma revelação sobre a verdade. 

Preste atenção na palavra “alguma”, pois a “verdade absoluta” jamais será revelada, uma vez que pedaço de um mosaico jamais compreendera a figura que se revela com a união de todas as partes.

Claro que não estou me referindo sobre questões comuns, apesar de muitas vezes caberem nesta forma de pensar. Mas, estou me referindo essencialmente às incógnitas da existência.

Tudo que nós – homens –  inventamos se baseia neste princípio. A televisão, por exemplo, são milhares de pontos luminosos intrinsecamente individuais que unidos formam a imagem, porém, se fosse vivo o ponto, certamente não se daria conta da imagem que completa.

Mas “um ponto” desvendando, através da idéia, a realidade dos pontos a sua volta obterá uma compreensão maior da imagem, ainda que não compreenda a imagem em seu todo.

Através da idéia verdadeira conhecerá partes maiores da imagem, trazendo significado maior a sua própria existência. Mas, para isso é necessário ter uma idéia verdadeira.

O monitor como “uno” compreende a imagem completa através da relação e comportamentos de cada ponto. Ele é a união de todos e a compreensão de si (o monitor), os pontos necessariamente integrantes não se conhecem como imagem apenas como cor, mas com uma idéia verdadeira podem conhecer as cores vizinhas e formar um espectro pouco maior.

Baseado nisto deve-se, portanto, evitar obstinadamente ser persuadido por idéias falsas, duvidosas, fictícias ou dogmáticas-religiosas.

Para iniciar a conversa devo definir “idéia”.

A “idéia” no meu ponto de vista é formada por princípio, conteúdo e forma.

O princípio pode ser moral, matemático, físico ou religioso.

O conteúdo é o fato que preenche a existência de si.

A forma é o meio de se exteriorizar na realidade.

A idéia quanto a forma pode ser objetiva ou subjetiva, isto é, conter princípios, conteúdo e uma forma material, portanto, objetiva; ou ter princípios, conteúdo e forma imaterial, apenas na esfera do pensamento, então, subjetiva.

Realidade é a existência de alguma coisa.

Coisa é sentir incontestável de qualquer coisa.

Depois de tudo isto, digo:

Entendo como idéia falsa aquela que tem um vício insanável em um, algum ou todos elementos da tríade da idéia que anteriormente mencionei.

A idéia falsa pode conter um erro de principio. Em outras palavras não esta de acordo com o conhecimento humano nas esferas morais, matemáticas, físicas ou religiosas. Porém como se adéqua ao conteúdo e forma parece ser uma idéia verdadeira, quando na verdade é falsa.

A idéia falsa pode conter um erro de conteúdo. O principio é adequado, a forma é adequada, mas o conteúdo não faz nexo causal, ligamento capaz de legitimar a veracidade.

A idéia falsa pode conter um erro de forma. Os princípios estão presentes, o conteúdo é adequado, mas a forma é irreal.

Na idéia falsa se tem todos os pressupostos da verdade só que um ou algum destes elementos é inverídico.

A idéia falsa, muitas vezes, se reveste de verdade, quando posteriormente, com o desenvolvimento do conhecimento se descobre a falsidade relativa aos pressupostos.

Por exemplo, quando se acreditava que a Terra era o centro do Sistema Solar.

Havia pressupostos da realidade confiáveis, como o principio da gravidade que envolve rotação e translação;

O conteúdo era verdadeiro, pois cuidava do Sol, da Terra e outros planetas.

Mas, a forma estava errada.


Isto é a idéia falsa. Continuarei em tempo oportuno. De como atingir a verdade.