Como ensina o grande mestre e
inspirador Baruc de Espinosa, o ser humano tem a possibilidade de alcançar a
verdade através do uso adequado da racionalidade.
Atingir a verdade é um termo que deve ser
cuidadosamente analisado sobre dois aspectos diferentes: um a total verdade das
coisas e outro a parcial verdade das coisas. Ambos casos estarão revelando uma
ou algumas dimensões da verdade.
A verdade absoluta jamais será
alcançada haja vista – de acordo com Espinosa – não nos pertencer
intrinsecamente já que somos parcialidade e não totalidade da coisa.
Esta idéia se tornará mais clara e
evidente quando eu dissertar minuciosamente sobre o Tratado. No momento resta
esclarecer quais as ferramentas disponíveis para construir o Tratado e,
conseqüentemente, produzir uma verdade.
Obviamente que a única ferramenta
capaz de servir este fim é o intelecto humano. Através do conhecimento
racional, aplicado com prudência, diligencia, leituras-releituras quantas vezes
for necessária, se é possível obter alguma revelação sobre a verdade.
Preste
atenção na palavra “alguma”, pois a “verdade absoluta” jamais será revelada,
uma vez que pedaço de um mosaico jamais compreendera a figura que se revela com
a união de todas as partes.
Claro que não estou me referindo
sobre questões comuns, apesar de muitas vezes caberem nesta forma de pensar.
Mas, estou me referindo essencialmente às incógnitas da existência.
Tudo que nós – homens – inventamos se baseia neste princípio. A
televisão, por exemplo, são milhares de pontos luminosos intrinsecamente
individuais que unidos formam a imagem, porém, se fosse vivo o ponto,
certamente não se daria conta da imagem que completa.
Mas “um ponto” desvendando, através
da idéia, a realidade dos pontos a sua volta obterá uma compreensão maior da
imagem, ainda que não compreenda a imagem em seu todo.
Através da idéia verdadeira conhecerá
partes maiores da imagem, trazendo significado maior a sua própria existência. Mas,
para isso é necessário ter uma idéia verdadeira.
O monitor como “uno” compreende a
imagem completa através da relação e comportamentos de cada ponto. Ele é a
união de todos e a compreensão de si (o monitor), os pontos necessariamente
integrantes não se conhecem como imagem apenas como cor, mas com uma idéia
verdadeira podem conhecer as cores vizinhas e formar um espectro pouco maior.
Baseado nisto deve-se, portanto,
evitar obstinadamente ser persuadido por idéias falsas, duvidosas, fictícias ou
dogmáticas-religiosas.
Para iniciar a conversa devo definir
“idéia”.
A “idéia” no meu ponto de vista é
formada por princípio, conteúdo e forma.
O princípio pode ser moral,
matemático, físico ou religioso.
O conteúdo é o fato que preenche a
existência de si.
A forma é o meio de se exteriorizar
na realidade.
A idéia quanto a forma pode ser
objetiva ou subjetiva, isto é, conter princípios, conteúdo e uma forma
material, portanto, objetiva; ou ter princípios, conteúdo e forma imaterial,
apenas na esfera do pensamento, então, subjetiva.
Realidade é a existência de alguma
coisa.
Coisa é sentir incontestável de
qualquer coisa.
Depois de tudo isto, digo:
Entendo como idéia falsa aquela que tem
um vício insanável em um, algum ou todos elementos da tríade da idéia que
anteriormente mencionei.
A idéia falsa pode conter um erro de
principio. Em outras palavras não esta de acordo com o conhecimento humano nas
esferas morais, matemáticas, físicas ou religiosas. Porém como se adéqua ao
conteúdo e forma parece ser uma idéia verdadeira, quando na verdade é falsa.
A idéia falsa pode conter um erro de
conteúdo. O principio é adequado, a forma é adequada, mas o conteúdo não faz
nexo causal, ligamento capaz de legitimar a veracidade.
A idéia falsa pode conter um erro de
forma. Os princípios estão presentes, o conteúdo é adequado, mas a forma é
irreal.
Na idéia falsa se tem todos os
pressupostos da verdade só que um ou algum destes elementos é inverídico.
A idéia falsa, muitas vezes, se
reveste de verdade, quando posteriormente, com o desenvolvimento do
conhecimento se descobre a falsidade relativa aos pressupostos.
Por exemplo, quando se acreditava que
a Terra era o centro do Sistema Solar.
Havia pressupostos da realidade
confiáveis, como o principio da gravidade que envolve rotação e translação;
O conteúdo era verdadeiro, pois
cuidava do Sol, da Terra e outros planetas.
Mas, a forma estava errada.
Isto é a idéia falsa. Continuarei em
tempo oportuno. De como atingir a verdade.