Na selva ganiçar é sobreviver,
Na cidade é maldade,
Que se converte em lealdade,
A depender do querer.
Entre os emaranhados de prédios,
O bicho homem,
Permanece na espreita.
A qualquer hora
Provir colheita,
Ou, entrementes,
Ceifa.
Como espantalho em meio ao milharal
Ao sopro do vento
Assustador trêmulos farrapos
Já não espanta os corvos
Que vem saciar a fome
Menosprezando a
presença.
Bicho homem corre
Sempre com pressa
De um destino alcançar
Espreme-se em caixas metálicas
Rolantes, velozes
Cubículos cimentados
Aconchego, conchas
Como o por vir
Rápido na velhice que chega
Para descansar
Na apertada cripta.
Ocaso que no horizonte se desfaz
É o mesmo crepúsculo que se faz
Em sentidos diferentes
De quem se põe a olhar.
O bicho homem ganiça
E ganiçando revolve e devolve
Para si e todos
A finalidade de ser o Bicho
Homem.