OS SÍMBOLOS E SUAS FACES DENOTATIVAS E CONOTATIVAS - INFINITO

INFINITO, do latim infinítu.

É um adjetivo que denota algo que não tem início nem fim, ou não tem limites, ou que é inumerável. Usado em sentido figurado pode significar Deus, o Absoluto ou o Eterno.

Muitas pessoas já devem ter visto este símbolo sem saber o seu significado. Normalmente o encontramos em tatuagens. Muitas pessoas, principalmente mulheres, tatuam em seus corpos.

É um símbolo cuja origem não se restringe à uma cultura específica, tampouco, pode ser associado a um grupo humano determinado. Ao contrario, é um símbolo presente no inconsciente coletivo da humanidade.

O símbolo de infinito   é por vezes chamado de lemniscata, do latim lemniscus. John Wallis é creditado pela introdução do símbolo em 1655 no seu De sectionibus conicis Uma conjectura sobre o porquê ter escolhido este símbolo é ele derivar de um numeral romano para 1000 que, por sua vez foi derivado do numeral etrusco para 1000, que se assemelhava a CIƆ e era por vezes usado para significar "muitos".

Outra conjectura é que ele deriva da letra grega ω - Omega - a última letra do alfabeto grego Também, antes de máquinas de composição serem inventadas,  era facilmente impresso em tipografia usando o algarismo 8 deitado sobre o seu lado.

Lemniscata de Bernoulli é a curva algébrica do quarto grau de equação cartesiana:





É um conceito usado em vários campos, como matemática, filosofia e a teologia. Na matemática é uma noção quase-numérica usada em proposições. Distingue-se entre infinito potencial e infinito atual.

O infinito pode ser visto de muitas perspectivas. A intuição percebe-o como uma espécie de "número" maior do que qualquer outro. Para algumas tribos primitivas é algo maior que três, representando "muitos", algo incontável. Para um fotógrafo o infinito começa a dez metros da lente, ao passo que para um cosmólogo pode não ser suficiente para conter o universo. Para um filósofo é algo que tem a ver com a eternidade e a divindade. Mas é na matemática que o conceito tem as suas raízes mais profundas, sendo a disciplina que mais contribuiu para a sua compreensão.


O infinito é uma concepção que induz necessariamente a um Deus, pois em tudo percebemos inicio, desenvolvimento e fim; ao mesmo tempo em que a continuidade das coisas é perene de forma que parece nunca ter fim. Portanto, surge a suposição de um ser ou algo que existe muito antes de tudo e que existirá além de tudo. Um ser detentor do atemporal, cuja capacidade incompreensível somente poderá pertencer ao que denominamos DEUS.

Essa é a parte filosófica, mas como o ser humano necessita de explicações palpáveis criou-se a matemática para dar sentido concreto ao infinito.
Assim criamos o infinito potencial e o infinito absoluto.

  

Infinito potencial

 

O infinito potencial é a forma mais natural e intuitiva de conceber o infinito, sendo por isso de aceitação geral e não controversa. Nesta concepção o infinito corresponde a algo que pode ser aumentado, continuado ou estendido, tanto quanto se queira.

O Infinito absoluto é o conceito de Georg Cantor de um infinito que transcendesse os números transfinitos. Cantor equacionou o infinito absoluto como Deus. Ele acreditava que o Absoluto Infinito tinha várias propriedades matemáticas, incluindo que cada propriedade do infinito absoluto está também presente em alguns objetos menores.

Para entender esta idéia pense em uma reta. Matematicamente a reta é formada por sucessivos pontos. E tais pontos são formados por pontos ainda menores, assim infinitamente.

Esta propriedade do segmento de reta foi explicada através do conceito de infinitésimo: "números" indefinidamente pequenos, menores do que qualquer número real. Este conceito tem raízes na Grécia antiga, no atomismo de Leucipo de Mileto (século V a.C.) e seu discípulo Demócrito de Abdera (460 - 370 a.C.).

Os infinitésimos acabaram por ser banidos da matemática com a formulação do cálculo diferencial e integral por Karl Weierstrass (1815-1897), que substitui o infinitésimo pelo conceito de limite. Os infinitésimos foram mais tarde recuperados na matemática por Abraham Robinson (1918-1974), que em 1966 apresenta uma nova teoria para a análise matemática baseada nos infinitésimos, chamada de análise não-standard, que fornece um fundamento teórico para a utilização dos infinitésimos tal como Leibniz idealizou.

Ocorre que a idéia do infinitésimo gerou um paradoxo proposto por Zeno.

Os paradoxos de Zeno (ou de Zenão), atribuídos ao filósofo pré-socrático Zenão de Eléia, são argumentos utilizados para provar a inconsistência dos conceitos de multiplicidade, divisibilidade e movimento. 

Imagine um atleta querendo correr uma distância de 60m, para chegar no final do percurso ele primeiro terá que passar no ponto que corresponde a 1/2 (metade) do percurso, depois no próximo ponto que corresponde a 2/3 do percurso, depois 3/4 do percurso, para assim chegar a 4/5 do percurso e depois 5/6 do percurso e depois 30/31 do percurso ao ponto correspondente a 199/200 e depois ao ponto 5647/5648 do percurso (que numericamente corresponderia a 59,9893798 metros), tendendo assim a ser um número infinito de pontos antes que o corredor chegue ao final.

Como o infinito é uma abstração matemática que significa algo que não tem limite, o atleta jamais conseguiria chegar ao final do percurso (60 metros), pois ele teria que percorrer infinitos pontos para chegar a um final, se ele chegasse ao fim depois de percorrer o infinito, significaria que este infinito tem um fim, como isto não é possível, gera assim o paradoxo.

Temos, também outro paradoxo.

O paradoxo de Burali-Forti, proposto em 1897 pelo matemático italiano Cesari Burali-Fort, diz que não existe um número ordinal maior que todos outros números ordinais.

Em linhas gerais, ele é análogo ao paradoxo de Cantor, que diz que não existe um número cardinal maior do que todos outros.

Uma apresentação simplificada do paradoxo é: dado qualquer número ordinal, existe um outro número ordinal maior que ele. Em outras palavras, não existe o "conjunto de todos números ordinais" (porque este conjunto seria um número ordinal).

Paradoxo de Galileu

Galileu Galilei (1564 - 1642) apresentou o paradoxo dos quadrados no seu livro Discorsi e dimostrazioni matematiche a due nuove scienze. Galileu retoma a comparação anteriormente feita por Nicolau de Cusa (1401 - 1464) entre a sequência dos números naturais e a seqüência dos seus quadrados: é intuitivo dizer que existem "menos" quadrados do que naturais, pois é possível encontrar números naturais que não são quadrados. Mas, ao mesmo tempo, cada número natural tem o seu quadrado, pelo que não é correto dizer que há "menos" quadrados do que números naturais. Estamos perante um dilema.

Galileu expõe o raciocínio e as conclusões a que chega através de um diálogo entre três personagens - Salviati, Simplício e Sagredo (o próprio Galileu, um sábio aristotélico e um homem do senso comum). O discurso conclui:

(...) que o conjunto dos números, dos quadrados, das raízes é infinito; que o total dos números quadrados não é inferior ao conjunto dos números, nem este superior àquele. E finalmente, que os atributos igual, maior e menor não têm sentido para quantidades infinitas, mas somente para quantidades finitas.


Apesar de todos os paradoxos existentes a matemática continua considerando os números infinitos. E a filosofia a existência infinita do mundo.