Cada vez que
ouço a música “Construção” de Chico Buarque faço um novo pavimento.
Impressionante o poder daquelas palavras e sonoridade que reconstroem minhas
idéias a cada vez que se apresentam, como um projeto sempre inédito e
inacabado,
Nestas horas admito a superioridade do poeta.
Não é á toa que ocupa posição iluminada na esfera cômoda e regular dos outros
seres.
Mas nem todos
assim entendem.
Muitos outros
entendem de maneira simples, sem maiores “masturbações” intelectuais. Toca, mas
toca numa caganifância do rádio.
Ou, certamente,
não seja isso...
Seja um
qualquer, que de qualquer maneira vive.
Somos pessoas
não erradas, nem insensíveis.
Vive com que
lhe basta.
Somos a
representação do que nos é suficiente. Nossa forma é a coisa possível do que
entendemos.
Nossa alma
expressa exatamente nosso corpo e ocupa exatamente o espaço que nosso espírito
deseja.
O cotidiano, as
coisas inéditas que se aperfeiçoaram em antigas posições.
As coisas que
passaram e jamais deixam de passar novamente.
Tudo que
tecnologicamente avança na velha visão do futuro.
Penso que o
Homem há dois mil ou três mil anos posicionou-se muito diferente na linha do
tempo, cujo tempo não passa, nem passou.
O Homem se
reconstrói nos limites do projeto original.