ROUPA CURTA

No jornal AGORA de 28 de março de 2014 foi publicada uma matéria cuja manchete destacava: “MAIORIA DIZ QUE MULHER COM ROUPA CURTA MERECE ATAQUE”.    

E continuava relatando que o Ipea (Instituto de pesquisa econômica aplicada) realizou uma pesquisa com 3.810 pessoas entre maio e junho de 2013, onde 58,5% dos entrevistado (entre homens e mulheres) dizem acreditar que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros” e “mulheres que usam roupa que mostram o corpo merecem ser atacadas”. – Jornal Agora, A3, 28/03/2014.

Tal constatação evidencia uma gigantesca falta de responsabilidade do órgão de pesquisa e do jornal; ou, na pior das hipóteses completa ausência de senso dos entrevistados.

Tal argumento estatístico, penso eu, representa uma notória falácia social.

Recuso-me acreditar que o Bicho Homem tenha alcançado tamanho grau de imbecilidade.

A pesquisa se concentra em dois assuntos totalmente opostos.

O fato de um homem apreciar e desejar mentalmente uma mulher que se mostra “fogosa”, sensual, linda como ela própria deve ser é completamente diferente de um homem doente que pratica violência, muitas vezes letal.

Uma coisa é desejar normalmente uma mulher com a razoabilidade óbvia e natural de um consenso. A mulher também recíproca, e assim não sendo, o natural entendimento e respeito da sua recusa.

Outra coisa é praticar a violência. Ferir o corpo e a alma da desejada, a partir de um sério problema psicológico ou comportamental.


Sexo é consenso. Não há possibilidade do desejo exclusivo. O tesão tem que ser compartilhado e aceito, do contrário é violência.