O PULSO AINDA PULSA IV

Nesta veia sanguinolenta,
Desta carne pulsante,
Foge límpido vertente coágulo,
Numa estrada de ferro,
Por vielas, avenidas ou ruas,
Sorvemos a vida e corremos da morte,

Tentamos com sorte,
Conduzir o presumível,
Dentro da emboscada,
Pelo inconcebível,

FAZ-SE SENTIDO.

Entre os vivos, quase vivos, espertos e sabidos
(que todos não conhecem vírgula),
Da física, sociedade, matemática,
Satisfazem-se nisso,
O não saber de ser vivo.

FEZ-SE SENTIDO.

Agora se afasta solidão,
Roga por outro,
Unge a união para nunca se esquecer,
A falta de nós,
Em algum lugar estará,
O que vence ou quem vencerá,
Mas tudo se perde e volta ganhar,

NO SENTIDO.

Nesta esteira de sobreviventes,
Sobram os decadentes,
Ficam misérias,
Criam-se rivais,
Aceitam-se os demais,
Com nervos de aço e cansaço,
Perduram entre a gente,
Todos, sempre abençoados.

FAZ-SE SENTIDO.

Na estrada do querer
Incertos se perdem
Nas construções,
Gigantescos mausoléus,
Que nascem do desejo,
De jamais morrer,
Perdurar-se no eterno.

FAZ-SE O SENTIDO.

Somos espermatozóides ainda,
Em busca do útero perfeito,
Tateando o caminho,
Intuindo o rumo direito,

DEUS O SENTIDO.

Que fica para outra estória que não vou contar.