Nesta estreita prateleira,
Repousam livros importantes,
Alguns lidos, outros relidos,
Tem os folheados e os intocáveis,
Romances, tragédias, cômicos,
Ciência, eruditos, clássicos,
Desprezíveis, incontroláveis,
Mornos, auto-ajuda, incandescentes,
Para todos a estante é morada,
Para a qualquer momento ser despejada,
Eles jogados na mão do destino,
Na rua pública,
Nas mãos de alguém.
FAZ-SE SENTIDO.
Entre os vivos, muito vivos ou moribundos,
Clareira em meio a mata fechada,
Da física, sociedade, matemática,
Esquadrinha-se tudo,
O saber-se vivo.
FEZ-SE SENTIDO.
Agora se separa os que sabem,
Dos que ignoram,
Os letrados,
Dos analfabetos,
Do rico e do pobre,
Do néscio e do nobre,
Onde toda sociedade dividida,
Se vangloria ou se despreza.
EM ALGUM SENTIDO.
Nesta esteira de sobreviventes,
Estão os descendentes, dissidentes e destoantes,
Sobram igualdades para os desiguais,
O Grande Canon sem igual,
Iguais desvalorizados,
Diferentes destituídos do ser pelo ter.
FAZ-SE SENTIDO.
Na estrada do saber
Rompem-se barreiras
Criam-se pontes,
Mas também muralhas intransponíveis,
Para os que nada sabem,
Resta bater continência,
Orgulhar-se em conhecer o Doutô.
FAZ-SE O SENTIDO.
Somos espermatozóides ainda,
Em busca do útero perfeito,
Para os que conhecem,
Definem a epistemologia.
DEUS O SENTIDO.
Que fica para outra estória que não vou contar.