Nesta esteira de sobreviventes,
Daqueles espermatozóides que batalharam,
Na estrada de destino certo,
Por aqueles que se perderam,
Entre vivos e morridos,
Tentaram todos ser sobrevividos,
Num destino incerto, da dúvida premente,
Sepultavam-se muitos freneticamente,
Para apenas um,
Ou pouco mais de um encontrar o útero salvador.
FAZ-SE SENTIDO.
Entre os vivos (que de vivos nada sabemos),
Da física, sociedade, matemática,
Formou-se nisto que se pode,
Denominar-se vivo.
FAZ-SE O SENTIDO.
Agora se batalha para alcançar,
Novo útero,
Lutamos ferozmente para vencer,
Concorrer entre nós,
Quem chegará e quem deixará de chegar,
O Perdedor e o Vencedor.
FAZ-SE SENTIDO.
Nesta esteira de sobreviventes,
Sobram os amputados,
Restam atletas,
Ficam persistentes,
Permanecem vagarosos,
Têm velocistas,
Perduram desistentes,
Todos, sempre abençoados.
FAZ-SE SENTIDO.
Na estrada de um destino certo,
Os mesmos se perdem,
Porque na incerteza,
Da conclusão do destino,
Há esperteza,
Que não faz vencer.
Somos espermatozóides ainda,
Em busca do útero perfeito,
Tateando o caminho,
Intuindo o rumo direito.
FAZ-SE O SENTIDO.
O velho,
Quando tudo se sabe,
Sabe que é um micróbio,
Grande que nem se vê no microscópio,
Sabe que sua pequenez,
Iminente está,
Ao passo de um destino,
Desconhecido.
FEZ-SE O SENTIDO.
E quando próximo, muito próximo mesmo,
Agoniando por vida,
Respirando o ar que foge,
Tocando a morte,
Virá espermatozóide.
DEUS O SENTIDO.
Que fica para outra estória que não vou contar.