A LUTA CONTINUA

Ocorreu uma batalha épica que merece ser lembrada, não apenas pelas vidas sepultadas, mas, também, por aquele (ou poucos daqueles) que arduamente lutaram e sobreviveram com o único objetivo de conquistar. Lutar e conquistar o espaço (território).

Tenho orgulho de testemunhar esta luta, pois também fiz parte. Aguerrido, corajoso e forte lutei bravamente a batalha e, hoje, posso ter o privilégio de manifestar.

Maldita Guerra.

Somente quem vive pode contar. Como foi e continua sendo difícil. Estamos calejados pelo inicio, entretanto, jamais suaviza. Adversidades que nunca tem fim. Dormimos a noite pensando no dia que passou conflituoso. Milhares, milhões sofrem. Já perdemos muitos parentes, filhos, soldados. Não há perspectiva em acabar.

A história que tenho para contar é épica. Uma batalha que começou num tempo distante e incerto. Participaram milhares e outros tantos milhares teimam em continuar participar porque a batalha não tem, não teve fim, pelo visto, jamais terá. Lutam todos com garra, com força destrutiva num campo árido, ou difícil de alcançar.

No início mancharam a terra de sangue, destilando o ódio, ceifando a carne numa alma expiada.   Regressaram e conquistaram o movimento do inicio quando zigodos, as centenas, aos milhares, percorreram ofensivamente o caminho até agredir a grande cidade cercada por muralhas. Bateram, insistiram, persistiram, batalharam, arrebentaram o óvulo. Um, ou apenas alguns, entraram. O resto foi sumariamente devastado pela derrota. Perderam e morreram. Vida e morte na competição.

Dividiu os vencedores dos vencidos.

O vencedor, ou vencedores, descansou por meses até recuperar a energia absoluta. Foi (ou foram) provido de alimento, calor, proteção, amor. Acordaram.  Criaram força para encarar nova batalha e se enfiaram de olhos fechados. Fecundaram novo Estado com absoluta coragem, e, também, medo.

Fez-se verdadeiro e fantasia e do produto exato da matemática dos costumes: oscilou.

A guerra não havia acabado. As armas mudaram.

Ele continuou enxergar o vermelho ocre do sangue derramado a sua volta. Via pedaços de carne podre, destruídas, coágulos sanguinolentos do dia-a-dia, incorporou novas armas, aprendeu odiar, mas também amou.

Era a guerra sem fim. A disputa incessante de alcançar.

Entre todos os generais que sobreviveram não havia paz. Cada qual lutava por seu desejo de a patente aumentar. Pobres soldados que lutavam por um objetivo.

Havia o objetivo: claro, certo, visível.

O objetivo que validava temporariamente a noção dos sobreviventes e auto-definidos capazes, acima de tudo e todos.

Mas, a guerra é cruel. Nesta seara de homens vivos são dedicados eles a conquistar um próximo, eventual, óvulo nem sabido.


E na terra de ninguém, onde todos são iguais, soldados batalhando para sobreviver ao gosto do viver não se sabe destino se invoca, como prenuncio, como invenção, como fantasia, zigodos que se acham na direção.
Incerta, correta, indefinível.

O que nos define quando ainda não éramos vivo.