Foi dada a largada para a maratona
eleitoral. Todos competidores tomam suas posições tentando imprimir velocidade
e cadencia compatível com o início da disputa. A aceleração dos competidores,
nesta altura do trajeto, é linear e igualitária, mas todos acreditam ter fôlego
suficiente para próximo a reta final engatar o sprint que garantirá o perseguidíssimo objetivo de subir ao pódio.
Afinal eles investiram tempo, dedicação, esforço e dinheiro por longos anos de
intenso e árduo treinamento.
É curiosíssimo como se dá o
treinamento. Para explicar a preparação de cada atleta devemos retroceder
alguns anos antes.
Inicialmente cumpre separar as
categorias: temos os atletas de ponta, os medianos, os esforçados, os de
final-de-semana.
Atletas de ponta representam
importantes academias, possuem patrocinadores expressivos, ótimos treinadores,
preparadores físicos e boa equipe multidisciplinar de apoio.
Os medianos, como o próprio nome
indica, têm os elementos acima, mas, digamos, mixurucas, de uma média pra baixo.
Esforçados contam com a própria sorte.
Os de final-de-semana, bem, estes, ajudam a engrossar a massa de corredores.
Todos se alimentam dos mesmos carboidratos
e proteínas. Tomam suplementos e esteroides, com a diferença de que os “de
ponta” têm a disposição quantidades e qualidades dos produtos muito maiores que
os outros. O valor é muito mais elevado. O preço é caro.
Mas, a vantagem mesmo está no técnico
e equipe multidisciplinar de apoio. Competidor
“de ponta” tem preparadores renomados com vasta experiência de campo. Conta com
uma equipe formada por ótimos nutricionistas que cuidam da vitamina extra
durante a campanha, além dos excelentes marqueteiros que fazem do atleta um
destaque na mídia.
Neste momento todos parecem inimigos
mortais. Colocado um na frente do outro rosnam como animais, parecendo, até,
querer arrancar a orelha um do outro. Mas, isso é só fingimento, porque depois
do vencedor subir ao pódio todos irão se cumprimentar, se abraçar, até mesmo,
treinar algumas vezes juntos, de olho na próxima competição.
Tem, também, a torcida.
Familiares, amigos, parentes, colegas
e entusiastas acompanham o atleta por todos os lugares urrando o grito de
guerra e entoando o hino da vitória. Enquanto o resto da população observa ao
longe sem comprometimento.
No dia decisivo, aquele onde será
dada a largada para algumas horas depois definir-se o vencedor ficam amontoados
nas beiras da pista as torcidas de todos eles. Alguns curiosos também chegam
para acompanhar a corrida. A maioria da população acha um estorvo, pois vias
são fechadas sendo preciso redirecionar o trânsito. Muitos assistem porque são
obrigados
Na largada temos a frente o bloco
composto pelos atletas de ponta, logo atrás atletas menos expressivos, mais
atrás ainda os atletas de final-de-semana. Atrás destes, uma quantidade de inexpressivos,
que não deveriam receber a alcunha de atleta.
É dada a largada e os corredores
avançam. Que vença o melhor. Só esperamos que o vencedor não tenha o mesmo
final de Feidípedes que quando alcançou seu objetivo, morreu.