Catolicismo Blindado

A fé é uma manifestação natural do individuo na medida em que se indaga sobre a vida, principalmente, a própria existência.  Alguns partem para explicações absolutamente racionais encontrando respostas nas explicações materiais da ciência. Outros não satisfeitos com os limites e esforços de tais respostas preferem se deixar convencer pelo misticismo das religiões. Há, ainda, os que buscam a mescla entre os dois. Técnicos, especialistas, estudiosos, esclarecidos, iluminados, leigos e intuitivos sempre buscam e, de uma forma ou de outra, encontram suas respostas, independente da forma ou meio.

Relevante é que todos buscam uma resposta, até os ateus buscaram e encontraram sua resposta. Não há neste planeta um humano sequer que não tenha se perguntado sobre a vida e não tenha conseguido responde-la de algum jeito.

Partindo desta premissa quero discorrer sobre: a resposta.

Pela própria natural racionalidade humana a dúvida e, conseqüentemente, o questionamento é elemento intrínseco. Desde a concepção.

Todas as pessoas constroem suas respostas baseadas na explicação de alguém. Mesmo os que criam as respostas, em algum momento basearam-se numa resposta alheia.
Um cientista que cria uma nova teoria, idéia, procedimento certamente, dentro da sua mente, observou um berçário onde vislumbrou um pequeno bebe e seduzido pela emoção cuidou do seu desenvolvimento.

Quero dizer que pessoas apropriam-se de outros pensamentos para, dentro da individualidade, amadurecerem e florescerem o pensamento inédito. Isto ocorre naqueles que se destacam e são considerados criadores. O que representa, provavelmente, dez por cento da humanidade.

A imensa maioria dos seres humanos encontra resposta na explicação de alguém que tem relevância social.

Em outras palavras, ainda que haja um pequeno discernimento próprio a esmagadora maioria humana se apropria de idéias alheias para formar sua crença e conseqüentemente o entendimento.
Uma fração enorme da população não argúi a maneira de Descarte, mas evoca as respostas claras dos geômetras.

Logo, aqueles que possuem o domínio da informação são responsáveis pelo percurso da sociedade.

Alguns pouquíssimos detentores das matrizes do pensamento têm o poder de replicar a lógica e entendimento do trajeto.

Dentre as conseqüências que isto causa, na realidade, a mais contundente é a limitação do ser humano caminhar conforme poucas dezenas de estradas que enxerga em meio à densa neblina. Em comboio segue.

O fato é que as pessoas precisam e querem respostas claras, incisivas, distantes de abstracionismos. A maioria não quer concluir com próprias induções de conhecimento, mesmo porque encontrar esse elemento é trabalhoso e cansativo. Melhor, então, é conseguir respostas prontas. Isto é noventa por cento de todas as sociedades.

Por isso a Arte ocupa um nível de acesso diferenciado, pois lida e expõe abstração, massa disforme, inconsistente e moldável que serve como matéria-prima para a criação de um entendimento. O que a maioria abomina, pois quer a produto pronto. Por isso, mais uma vez, a Arte do produto pronto faz tanto sucesso.

Nisto se explica os grandes sucessos populares que como chegaram se vão. Pois, a sociedade na sua insaciável busca por respostas prontas descartam o que é defasado elegendo a resposta mais atual.

Por outro lado, a resistência dos artistas perenes está, exatamente, na matéria-prima do entendimento. Foi capaz de projetar à matriz sólida, o alicerce, a fonte onde qualquer um pode se saciar, a qualquer momento e necessidade.

Voltando ao que quero cumprir nesta visão, digo que o catolicismo - a religião Católica - representado por seus padres e correligionários apenas cuida da abstração e não de uma resposta direta, por isso perde fiéis todo dia.

Apesar de que tenho especial admiração por isso, pois, o catolicismo possui respeito e responsabilidade sobre a fé, de modo não procurar explicar as coisas de Deus, tão-somente, fomentar a revelação individual.

Ocorre que, como eu disse antes, as pessoas buscam respostas diretas, motivo pelo qual a religião Evangélica cresce vertiginosamente, já que explica as coisas de Deus de forma incisiva e indubitável, ainda que esteja errada.

Em minha opinião, para existir um contraponto esclarecido, a Igreja Católica não deveria depositar toda seu foco nas liturgias e abstracionismo, muito mais, nas interpretações das poderosas e ricas parábolas de Jesus colocando na vida prática, de cada ouvinte, uma tradução responsável e ao mesmo tempo palpável partindo da imensa sabedoria das Escrituras, de modo a contribuir com o desenvolvimento do homem que busca revelações concretas e diretas.


Esta na hora da Sagrada Igreja retirar sua blindagem e se aventurar de corpo aberto na necessidade primária do homem leigo.