O MAL SUPERA O BEM?!



Tenho refletido sobre o bem e o mal. Pode parecer um tanto quanto maniqueísta, de maneira que qualquer conclusão soe limítrofe e destituída de profundidade uma vez que definir tal atributo humano é extremamente difícil na medida em que todo ser humano carrega intrinsecamente os dois adjetivos tal o liame entre um e outro ser tênue como uma parede feita de papel de seda.

Acontece que o nosso cotidiano, nossa vida, nossas concepções, nosso trabalho, nossa criação, nossa percepção, nossa comunicação, nossa informação, enfim, nossa existência tem como, dentre os pilares, este em especial, o qual é alicerce da nossa obra.

Dividimos todos os sentimentos humanos em duas categorias: aqueles que nos elevam; aqueles que nos diminuem.

Penso que o cerne de toda dor ou felicidade humana está no sentimento que eleva ou diminui a percepção de nós mesmos.

Sentimos elevação quando percebemos que estamos certos em nossas resoluções. Sentimos diminuição quando percebemos que apesar de estarmos certos em nossas resoluções fomos superados pela resolução alheia, cuja intima percepção de fracasso é a resistência embrionária de temer a amedrontadora fantasia personificada no externo, logo o outro.

A relutância com o próximo é tão natural como um castelo cravado no mesmo solo da construção vizinha. O chão é o mesmo, porém demarcados por limites intransponíveis.

Desentender-se com o próximo, construindo defeitos para apontar a reprovação é facílimo comparado ao imenso e sobre-humano esforço para entender-se com o próximo e enxergar suas virtudes.

Expressar a maldade é simples e corriqueiro. Compreender e utilizar-se do bem: somente para deuses. É algo tão difícil que se restringe às pessoas santificadas.

 O embate está na natureza humana como recurso pela sobrevivência, pois toda inteligência ou razão que possa atribuir à espécie nada mais é, em seu fato gerador, o instinto selvagem do animal irracional.

Isto porque, apesar de todo conhecimento que consideramos possuir, somos pouco diferentes de um asno.

Isto fica mais evidente quando, apesar da “enorme inteligência” harmonizar-se com o outro é um esforço contínuo, difícil de pavimentar, ao passo que, a beligerância é fácil, atraente, persistente e não precisa de asfalto.


Atacar produz adrenalina excitante, forte e viciosa. Pacificar-se é insosso, fraco.