A poucas horas de expirar o mandato
britânico na Palestina, em 14 de maio de 1948, David Bem Gurion (1886-1973),
que irá tornar-se o primeiro chefe de Governo do novo estado de Israel, lê a
declaração de independência no edifício do Fundo Nacional Judaico, em Tel Aviv.
Em 11 de maio de 1949, Israel é admitido como membro das Nações Unidas. Bem
Gurion, um judeu nascido na Polônia, irá liderar o país até 1963, e o seu
Partido Trabalhista se manterá ininterruptamente no poder até 1977, quando
perde as eleições para o recém-criado partido Likud.
CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL
A terra de Israel é o lugar onde nasceu o povo
judeu. Aqui se formou a sua identidade espiritual, religiosa e nacional. Aqui
se realizou a sua independência e se criou uma cultura que tem um significado
nacional e universal. Aqui se escreveu e se ofereceu ao mundo a Bíblia Sagrada.
Forçado ao exílio, o povo judeu manteve-se
fiel à terra de Israel em todos os países por onde teve de se dispersar, não
parando nunca de rezar e de esperar pelo regresso para restabelecer a sua
liberdade nacional.
Motivados por esta ligação histórica, os
judeus lutaram ao longo dos séculos por regressar à terra dos seus antepassados
e reencontrar o seu Estado. Ao longo das últimas décadas, regressaram em massa.
Recuperaram terras incultas, fizeram renascer a sua língua, construíram cidades
e vilas, e instalaram uma comunidade empreendedora e em pleno desenvolvimento,
com uma economia e uma cultura próprias. Os judeus procuraram a paz,
mantendo-se preparados para sua independência soberana.
Em 1897, o primeiro congresso sionista,
inspirado na visão do Estado Judeu de Theodor Herzl, proclamou o direito do
povo judeu ao renascimento nacional no seu próprio país. Esse direito foi
reconhecido pela Declaração de 2 de novembro de 1917 e reafirmado pelo mandato
da Sociedade das Nações, que trouxe o reconhecimento internacional formal à
ligação histórica do povo judeu com a Palestina e ao seu direito de
restabelecer o seu Lar nacional.
O recente holocausto, que aniquilou milhões de
judeus na Europa, mostrou mais uma vez a necessidade de resolver o problema,
devido à falta de pátria e de independência do povo judeu. É fundamental
restabelecer um Estado judeu, que abra suas portas a todos os judeus e confira
a esse povo um estatuto de igualdade no seio da comunidade das nações.
Os sobreviventes do terrível massacre na
Europa, tal como os judeus vindos de outros países, não param de chegar a
Israel, apesar das dificuldades, dos obstáculos e dos perigos; e nunca pararam
de reivindicar o seu direito a uma vida de dignidade, de liberdade e de
trabalho honesto na terra dos seus antepassados.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a comunidade
judaica da Palestina deu a sua plena contribuição ao combate das nações amantes
da liberdade contra o flagelo nazista.
Os sacrifícios dos seus soldados e o seu
esforço de guerra valeram-lhe o direito de figurar entre as nações que fundaram
a Organização das Nações Unidas. Em 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral
das Nações Unidas adotou uma resolução recomendando a criação de um Estado
Judeu na Palestina. A Assembléia Geral pediu aos habitantes deste país para
tomarem todas as medidas necessárias para a aplicação de tal resolução. O
reconhecimento pelas Nações Unidas do direito do povo judeu a estabelecer um
Estado judeu é irrevogável. É o direito natural do povo judeu a ter, como todas
as outras nações, uma existência independente no seu Estado soberano.
Em conseqüência, nós, membros do Conselho
Nacional, representando a comunidade judaica da Palestina e o movimento
sionista mundial, reunimo-nos em assembléia solene hoje, dia da cessação do
mandato britânico na Palestina, em virtude do direito natural e histórico do
povo judeu e em conformidade com a resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas.
Nós proclamamos a criação do Estado Judeu na Palestina que terá o nome de
Estado de Israel.
Declaramos que, a contar do fim do mandato, à
meia-noite de 14 para 15 de maio de 1948 – e até que os organismos do Estado
sejam regularmente eleitos conforme a Constituição que será elaborada pela
Assembléia Constituinte até 1 de outubro de 1948 – o Conselho Nacional agirá na
qualidade de Conselho provisório do estado e Administração nacional exercerá
funções de governo provisório do Estado Judeu, que terá o nome de Estado de
Israel.
...
Discurso
proferido em Tel Aviv,
Em 14 de
maio de 1948
Fonte: “Discursos
que Mudaram o Mundo” – Vários Autores, vol. 20, 2010, Ed. Folha de S. Paulo
Por outro lado, a Palestina representada
pelo Hamas não admite o Estado de Israel querendo sua extinção e, no lugar
dele, estabelecer o Estado da Palestina.