Uma profunda fenda na terra - no meio o nada - o vazio, a
terra de ninguém. Do outro lado a mesma profunda fenda.
Entrincheirados na resma de fileiras que se estendiam a
perder de vistas,
Observou o companheiro alguns metros ao lado,
Sue rosto enfadonhamente perplexo, já não era horror.
O sorriso discreto surgia no canto da boca ao tempo em que
sua face resplandecia.
Dava para se enxergar o brilho no olhar daquele homem que
demonstrava ver além do horizonte visível, como se transpusesse a matéria e
olhasse o oculto por traz dela.
Olhava absorvido por uma força descomunal, o chamado por tudo
que ali havia conseguido e vivido.
Como se agora os sentidos fizessem todo Sentido.
A energia fluía dos músculos para as entranhas numa
arrebatadora cumplicidade que não se agüentava dentro de si.
O grito era salutar.
Que gritem todas as nações!
Do peito estufado. O berro!
Ensurdecedor levantou-se encarando o descampado defronte.
Na mesma volúpia que se ofereceu foi abatido.
Um enorme furo no meio da testa estilhaçava as arestas que
não sobrou restos para ser consideradas arestas.
O amigo ao lado que a tudo testemunhou correu tampando com a
mão o sangue quente que jorrava do orifício que não se podia mais tampar.
Tudo era de valor tão imenso que a vida irrisoriamente se
suavizava naquele momento.
O céu inebriou-se de azul celeste, a terra manchada de sangue
permaneceu incauta, pronta para germinar as flores possíveis e permissíveis de
nascer.
O amigo na profunda fenda, em meio a resma: divagou.
Sob vertigens, exclamou em brado alto.
Caminhar-vos sem olhar para traz!
Homens que te cuidam o destino. Segui-vos!
Deixem o que agora se cala para adiante vos calar.