7 DE SETEMBRO - INDEPENDÊNCIA DA NAÇÃO REFÉM

Grito do Ipiranga.

Ouviram do Ipiranga
As margens plácidas
De um povo heróico
O brado retumbante

As margens plácidas do Ipiranga ouviram o retumbante brado de um povo heróico, em outras palavras, o “Grito de Independência” proferido por Dom Pedro de Alcântara de Bragança – futuro imperador Dom Pedro I do Brasil -, e sua comitiva tiveram como única testemunha o silencioso rio Ipiranga e suas margens, ou seja, não houve luta, derramamento de sangue, nem mesmo um pequeno grupo oposicionista para legitimar o termo: conquista. Nada. Apenas Dom Pedro I juntou alguns dos seus reunindo-se próximo ao rio onde ele teatralizou o grito de independência, logo em seguida, cada qual foi embora para suas casas.

Assim se deu a Independência do Brasil. Porém, mais notáveis foram os acontecimentos que se sucederam.

Em 3 de maio de 1823, isto é, quase oito meses após o “Grito” Dom Pedro I, num extenso discurso patriótico e liberal formalizou a abertura da Assembléia Geral, Constituinte e Legislativa que daria forma à independência conquistada.

Por ser um discurso muito longo não acho apropriado escrevê-lo na íntegra, mas posso afirmar que é um belo e ufanista discurso, no qual, ele exalta princípios da vontade do povo brasileiro; progressos realizados após a independência e união nacional para um progresso conjunto.

Logo no início de seu discurso, diz:

Dignos representantes da nação brasileira,
É hoje o dia maior, que o Brasil tem tido; dia, em que ele pela primeira vez começa a mostrar ao Mundo, que é Império, e Império livre. Quão grande é meu prazer. Vendo juntos Representantes de quase todas as Províncias fazerem conhecer umas às outras seus interesses, e sobre eles basearem uma justa e liberal Constituição, que as seja. Deveríamos já ter gozado de uma Representação Nacional: mas a Nação não conhecendo à mais tempo seus verdadeiros interesses, ou conhecendo-os, e não os podendo patentear, vista a força, e predomínio do partido Português, que sabendo a que ponto de fraqueza, pequenez, e pobreza...
...Enganaram-se nos seus planos conquistadores, e desse engano nos provem toda a nossa fortuna...

E continua seu discurso dizendo o quanto o povo brasileiro sofreu, por décadas, a exploração de Portugal. Arremata proferindo que dali pra frente tudo será diferente. Não haverá mais corrupção, tampouco evasão de divisas. Toda riqueza será produzida em conjunto pelo povo e em prol dele. Blá, blá, blá.

  No meio do discurso, diz:

...Afinal raiou o grande Dia para este vasto Império, que fará época na sua história. Está junta a Assembléia para constituir a Nação. Que prazer! Que fortuna para todos Nós!...

Próximo ao final do discurso, belas frases:

...Espero, que a Constituição, que façais, mereça a Minha Imperial Aceitação, seja tão sábia, e tão justa, quanto apropriada à localidade, e civilização do Povo Brasileiro; igualmente, que haja de ser louvada por todas as Nações; que até nossos inimigos venham a imitar a santidade, e sabedoria de seus princípios, e que por fim a executem...

Finalizando o esplêndido discurso, encerra:

...Seu defensor Perpétuo, Cumpra Exactamente a Promessa feita no 1º de dezembro do ano passado, e ratifica hoje solenissimamente perante a Nação legalmente representada.

Assim acaba o discurso que acendeu a chama de esperança e justiça no coração dos brasileiros. Aqueles responsáveis em criar os dispositivos da Carta Magna empenharam-se em elaborar princípios liberais, justos e condizentes com o progresso do povo brasileiro.

Ocorre que Dom Pedro I não gostou do rumo excessivamente anti-imperial e antiportuguês que a sua própria iniciativa começou a tomar. Uniu-se aos ricos comerciantes e aos altos funcionários, dissolveu a Constituinte seis meses depois de criá-la, convocou um time de sábios e outorgou a Constituição Imperial – a primeira do Brasil – em 25 de março de 1824, a seu bel-prazer e gosto.

Não bastasse essa “nobre atitude”, preocupado com a deplorável situação de Portugal resolve, em 1831, abdicar do seu trono, abandonando o Brasil rumo a Portugal deixando o comando do país sob a responsabilidade do seu filho que, na época, tinha a idade de 5 anos. Ele realmente se importava com o Brasil, tanto que avaliou ser uma criança capaz de governar.

Resumo da estória:

Desde o início até os tempos atuais somos convencidos por discursos que prometem a defesa e proteção dos interesses da coletividade, de maneira a prosperar a Nação, quando na prática, aqueles que assumem o Poder agem pela manutenção dos seus próprios interesses pessoais.


O povo, por sua vez, - inapto, incrédulo e incipiente – fica submetido aos mandos e comandos de uma minoria.


fontes bibliográficas 
- Discursos que Mudaram o Mundo. F. De S. Paulo.
- Wikipédia