De repente estava ali em pé
Na ponta da rocha
Atrás um planalto
Acima um azulíssimo céu
O precipício à frente
Em pé, na beira, mirava o mar
Longínquo como os pensamentos que
percorriam
O imenso espaço, entre eu e a
distancia de mim.
Projetar-me-ei
Sem medo
Sem condição, nem conclusão
Defenestrarei-me
Pela janela do invisível: pensei.
Com olhos rasos observei o outro
Fitei incrédulo as figuras ao redor
Encarei irrisivel as sombras que se
moviam
Todas as coisas que se mexiam em
desesperadas formas
Escuras figuras tremulas
Em movimentos particulares
Claras como o dia num eclipse
Meu alivio se consumia
Na certeza da paz
Do meu delírio
Entre Delírios inconciliáveis
navegamos por mentes
Em tempestade
Tempestivas
Também em céu aberto
Cindimos oceanos todos submersos
Mantendo a cabeça pra fora, tentando
respirar.
Com peito apertado
Vivenciamos claustrofobia
Num mar sincero
Em que todos se banharam
E continuam se banhando
Em iguais, parecidos desesperos.
De ver-me naufrago num bote
Envolvido por infinitas dezenas
Gotículas do mar que nos refresca
Entendi: o que sou eu pelo que me
cerca.