MOBILIDADE URBANA II

MUNCH, EDVARD

Estamos inseridos,
No grande Estado,
Confinados na cidade,
Enorme cidade,
Onde se conhece o bairro,
Bairro imenso,
Ainda que deslocar-se entre Eles,
É nele que se confia,
Na rua, na moradia que nos confina.

Nos sonhos e ideais,
Nas brincadeiras de criança,
Nos amigos, vizinhos,
No sedutor olhar em estar.

Estamos inseridos no País,
Imenso território soberano,
Mas confinados num território pequeno,
Do tamanho do apartamento,
Da rua onde mora,
No chão do território da cidade do bairro que compreende a rua que comporta a estrutura chamada lar.

Onde moro, durmo, alimento,
Meu filho beija meu rosto,
Beijo a mulher na boca no íntimo do quarto,
Desejo, sonho, recomeço,
Cresce o jardim que rego.
Estamos inseridos na Terra,
Onde Estados soberanos se avolumam,
As perspectivas crescem,
Imensa Terra,
Mas seguramente o lar,
Da cidade, do bairro,
Na rua ou adjacências,
Confinado no apartamento que denominamos Lar.


Estamos inseridos no Universo,
Que se diz infinito,
Nebulosas, buracos negros,
Outras Galáxias,
Tantos outros eventos que não invento,
Mas continuo no meu País,
Na minha rua, no meu bairro,
Continuo no apartamento,
Confinado a certeza,
Do que tenho, que tenho demais.

Inserido estou,
No tamanho do meu apartamento,
Do tamanho do pensamento que não se insere,
Mas naturalmente confinado, não percebe,
O tamanho do Universo,
Onde se respeita os limites confinados.
Compreendendo-se livre sem voar.
Pairando o olhar no perceptível,
Sentindo o que não se percebe,
Mesmo limitado nos sentidos,
Sinto-me feliz e completo,
Ainda que fragmento.