ESSA TAL LIBERDADE

KHALO


Somos livres para escalar a montanha mais alta,
Ainda que a lei da gravidade seja contra,
Ainda que a queda seja certa,
Ainda que a morte seja iminente.

Somos livres para desbravar o deserto,
Ainda que o sol e areia nos humilhem,
Ainda que as tempestades desérticas,
Sepultem-nos.

Somos livres para embrenharmos na selva,
Ainda que a mata fechada seja inóspita,
Ainda que sejamos acometidos por moléstias,
Ainda que a terra e a selva nos engulam.

Somos livres para mergulhar nas profundezas,
Ainda que toda massa oceânica nos esprema,
Ainda que a água obscura não desvendada,
Abrace-nos até a morte.

Somos livres para cindir os céus,
Ainda que sejamos perfurados por raios invisíveis,
Ainda que nosso corpo repuxado, seja dilacerado,
Ainda que agonizemos sem ar.

Somos livres para falar entre a gente,
Ainda que desavenças mais comuns que avenças,
Sejam divergências,
Rendam um tiro na cabeça.

Somos livres para termos o que queremos,
Ainda que o outro queira tanto quanto nós,
Ainda que outro imponha seu querer,
Mesmo pela força.

Somos livres pela cidade,
Ainda que a condição oprima,
Seja polícia, política, transporte, poluição, introspecção,
Ainda que a vida,
Se manifeste invariavelmente única,
A velhice é certa,
A morte, nem se fala.


Confinados nas barras de aço da liberdade do mundo.