ARPEROMITRÓMEDORI

HOPPER EDWARD
HOPPER EDWARD

Se a vida te acalma, o sonho lhe assusta, o pesadelo te redime, a aurora te aconchega, o soturno noturno lhe concebe, a realidade abastece.

Abastece tanto de realidade que nem cabemos dentro de nós,

Uma realidade atroz, que apazigua o espírito no luto do improviso de querermos estar vivos,

Seguindo, como nunca se seguiu,

O cego, o vidente, com canivete entre os dentes,

Segue o percurso, inalteradamente desconhecido.

Entre meus dentes o gosto da sua carne, na saliva da sua língua meu sabor, na lágrima dos seus olhos minha desumanidade, no sangue das suas veias meu DNA, no escuro das suas pálpebras meu sarcasmo que se mistura com meu sorriso que se aconchega inocente no quente das dobras do seu cérebro que pensa em tudo dentro do meu coração.

O tempo passa vagarosamente,

Na velocidade imprudente do seu saber.

Não estamos aptos, mas calejados,

Suportar agruras das unhas dos desdobramentos universais é fardo do fato,


Que se vive quase sem sentir.