ALEKSANDRA WALISZEWSKA
A vida é um aperto de idéias onde se
espreme até a última gota de suco do fruto amassado do seu cérebro que dobrado
e retorcido em intrincadas trincheiras, vielas, precipícios, avenidas tudo
embebido em conhecimento e sentimento fica cada vez mais molhado e enrugado
querendo explodir pela caixa craniana antes mesmo da lua ressurgir no manto
negro estrelado.
Como ameixa seca, doce e nada
estragada faz bem pros estômagos flatulentos, aprisionados no ventre de algum
amaldiçoado interstício afanado da miragem de um belo ocaso entre montanhas
escarpadas e verdejantes em contraste com a vermelhidão do céu poente.
E da delirante voz que ressoa em
eletromagnetismo brilhante por entre meus neurônios ouço nada menos que o
compasso do coração deixando de lado a emoção para se concentrar numa razão tão
sórdida que treme até os mais corajosos.
A raiva dos odiosos se espalha e
amedronta os desavisados.
Ao final, quando tudo parecer
falível, eis que surge o Senhor dos Montes Altos para numa guinada abrupta e
incondicionada resgatar a natureza mortal de todas as coisas.
Então, as enrugadas e intrincadas
ligações neurais não pensam mais em nada, tão-somente, como são leves e frágeis
nossas mais abissais convicções.