EXISTE ROMANTISMO NO HOMEM DE HOJE? - Por Ana Ornellas

   
DARIO REGOYOS
 
 
 
 
Com estilingue no elástico, forquilha de madeira e tira de couro vi um menino matar com pedrada um bem-te-vi de peito amarelo. Morreu a toa. Morreu apenas porque estava vivo, distraído num galho de goiabeira. Caiu no chão. O peito amarelo arfou por alguns segundos. Depois, restou um brinque de penas mortas. Mas isso são nesgas em meus olhos voltados ao passado. - texto copiado da crônica de Lourenço Diaféria - revista Chiques e Famosos nº 70 - setembro 2000.
 
 
 
Parece, para mim, mais fácil ser romântica voltando meus olhos ao passado. Haviam mais pássaros, mais árvores, mais flores e frutos. Haviam mais crianças brincando na rua.
Não seria, talvez, esse passado tão pouco distante uma imagem refletida do Paraíso? Diria Platão o grande filósofo.
Mais campos esverdeados, mais florestas, mais rios, mais cachoeiras...
Não é preciso fazer hipnose ou regressão para nos lembrar dos famosos quintais hoje tão raros, divididos por uma cerca chamada cerca-viva. Cerca-viva, pois conhecíamos os vizinhos da direita e da esquerda. Talvez, por isso, somente um simples rádio era necessário para nos sentirmos atualizados. Não existia multicanal, internet, celular...O galo cantava ao raiar do dia, o cachorro latia no alpendre. Criávamos galinhas...pegar o ovo quentinho era uma dádiva. O padeiro com seu carrinho entregava pão quentinho com direito a um bate papo informal que, talvez, penso eu agora, não seria um psicólogo ambulante? O pãozinho era tão especial que não existia SPA. Havia sim, mais interesse pela leitura, pelo bordado, pelo piano no canto da sala, pela família reunida às refeições.
Vamos parar por aqui, pois, falar do passado é fácil. Como a Nair, minha amiga, pediu meu parecer se existe romantismo no homem atual, tenho que crer nas excelências do ser humano.
O homem é romântico ontem, hoje e sempre, pois, ao ler uma simples crônica entre quatro paredes em um dia chuvoso e nublado, sentiu o romantismo em toda sua essência...visto por nossa ótica...SEMPRE DIVINA.

01.09.2000
Autora: Ana Ornellas