Wassily Kandinsky
Ao longo da vida li alguns filósofos; conheci alguns artistas iluminados; deparei-me com explicações científicas; me surpreendi com teorias, teses, enunciados; reli poetas; entendi cada coisa no seu momento; esqueci; me confundi; criei, ainda que no anonimato, minha obra prima; descartei o que eu havia pensado; pensei coisas que já haviam raciocinado; me senti inteiro; também em pedaços; me ajeitei num quebra-cabeças; fiz do passado descartável; expandi o futuro pelo que carreguei e carrego neste percurso de rota não traçada.
Mesmo com tanto, nada tenho.
Não sou famoso, nunca apareci na televisão; bem vá lá, escrvi um livro, que ninguém nunca leu; o que digo não merece análise de intelectuais; não tenho paparazzos no dia-a-dia. Vivo como mais um entre tantos. Simples, opaco.
Que diferença faço?!
Preencho um pequeno ponto neste infinito espaço?! Sou alguma coisa de nada no abstrato limite de todas as coisas do Mundo?!
Esta pergunta também lhe faço. Perguntando estas coisas com suas respostas imprecisas de quem tudo entende e lugar algum chega é que respondo de fato.
Nada derruba o poder do pensamento quando a pessoa se questiona, ainda que na incursão interior de juizar-se foro algum alcance.
O caminho é longo, infinito. Enquanto vivo, pergunte-se.