GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO II

JACKSON POLLOCK
JACKSON POLLOCK
                                                                                                        




O SEGUNDO DIA – MATÉRIA E ENERGIA

Tudo era ação, movimento, ruído. Turbilhões de partes livres exploravam afoitamente o espaço, eram infinitos cacos - pequenos, médios, grandes - todos dentro do infinito tempo-espaço. A substância era uma mistura caótica de partes que se chocavam, se atraiam, se repeliam, se absorviam. Desta agitação incessante gerou calor e viu que era bom. Das suas partes que mais se agitavam sentiu imensa ardência e das outras que repousavam sentiu o frio. Percebeu que quanto maior fosse sua potência de agir tão maior se esquentava e o contrário se resfriava. 

Destas temperaturas contrastantes sentiu-se permeável e impermeável e disto criou-se os sentidos. Cada uma de suas partes (que nada além eram senão a própria substancia em pedaços), sentiu esquentar ou esfriar como se fossem elementos separados e desta sensação criaram invólucros e formas diferentes conforme lhe incidiam as temperaturas. Entenderam, cada uma delas, individual, únicas, se esquecendo da unidade que verdadeiramente formavam. 

A substancia sentia e conhecia todas as temperaturas ao mesmo tempo e no instante mesmo que percebia a individualidade de cada uma das suas infinitas partes. E a isto chamou Matéria e a temperatura que incidia sobre ela chamou Energia.

Percebeu que tinha domínio sobre ambas - mesmo porque matéria e energia eram projeções de si – mas não tinha a posse de cada uma delas porque se movimentavam e se comportavam livremente como se fossem cada qual um indivíduo. O Todo lhe pareceu bom, então, a substância liberou a estrutura de cada parte sua que ora se corporizava, ora se energizava. A isto denominou Espírito e aquilo denominou Corpo.

Experimentou infinitas impressões diferentes quando corpo e espírito se fundiam, se separavam ou coexistiam. A isto chamou afecções ou sentimentos.

A substância foi tomada por tantos sentimentos quanto lhe possibilitavam as mutações e transmutações do corpo em espírito e vice-versa. Aos sentimentos que lhe pareceram agradáveis reservou o bem e aos sentimentos que lhe pareceram desagradáveis reservou o mal. Com isto determinou o Juízo.


Passou, então, a ter juízo sobre todas as coisas na medida em que se conhecia infinitamente através das suas partes.