![]() |
YAYOI KUSAMA |
GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO
O NADA – ANTES DA ORIGEM
Houve um Tempo muito anterior ao
próprio tempo, onde não havia passado, não havia futuro era infinitamente
presente porque Ele absolutamente completo, coeso, não se dividia em acontecimentos.
Não era lugar, não tinha tamanho, não se media porque não havia espaço. Era sempre o instante perpétuo no qual nada
se acabava porque não havia fim, nada começava porque não havia início. Tudo
era sem começo, meio e fim. Não tinha átomo, nem núcleo, nem elétron, nem
próton, nem nêutron, não era sequer partícula, porque nada se dividia, não
havia partes. Abarcava Tudo de maneira absoluto sem que houvesse outra
imaginação a não ser a única concepção vazia do Nada, que preenchia a ausência
de espaço, num vácuo eterno cheio de si mesmo em si. Não tinha afecções,
sentimentos, sentidos, diferenças, contrários, emoção. Não tinha sentido, nem
objetivo, nada queria, porque não havia o querer. Não desejava nem mesmo era
falta de desejo porque desejo algum existia. Não era possibilidade nem falta
dela, porque não crescia, não aumentava, não se definia nem tinha comparação,
porque não havia qualquer coisa que pudesse ser comparado ou definido. Não era
fenômeno nem causa, nem efeito. Não era amor, não era belo, não era justo, mas
também não era seus opostos, porque não havia nada que fosse alguma coisa. Era
substancia homogênea, de absoluta homogeneidade que formava completamente o
nada infinitamente.
O PRIMEIRO DIA – A PULSÃO
Acontece que dado instante VIBROU. Por
razões só a Ele conhecidas, mesmo porque, até então, não havia consciência ou inconsciência.
Porquanto, dentro daquela profusão de coisa alguma, de branca calmaria, ausência
de sentimento, houve em dado momento, o encontro de Eros com Tânatos
estabelecendo o marco zero da singularidade cujos posteriores acontecimentos se
desenvolveram sob grandiosíssima e irreversível potência, intensa energia,
donde se concebeu o início de tudo. E assim podemos considerar porque a
substancia inerte pulsou. Foi um único pulso que reverberou por toda sua
infinidade.
Como uma corda tencionada ao eterno,
esticada num imenso violão vibrou e desta vibração movimentou tudo ao redor ou,
como é de difícil precisão, foi da própria corda tencionada que tudo se
espalhou. De qualquer maneira, pode-se ouvir o timbre ecoado ao infinito e daí
surgiu o Som. Então se pode ouvir o que até então não se tinha ouvido.
A substância se separou em partes maiores e
menores. Entre as Partes maiores existiam aqueles maiores ainda e entre as Partes
menores se compuseram menores partes ainda. As Partes se aglutinavam, se
isolavam, se misturavam, se somavam, se individualizavam, se separavam, se
fundiam como gotas de orvalho. Se observou, portanto, Espaço. Havia, agora, distância
entre as partes. Pequenas e grandes distancias. Podia percorrer diferentes
distancias entre as múltiplas equidistâncias das partes, estava criado, assim,
o Tempo.
Espaço e Tempo confluíram para dentro
da substância tão fervorosamente quanto a substância movia-se em suas direções.
Era tudo muito novo e diferente. Tempo-Espaço se entenderam despregados da
substância, mas Ela sabia que era parte da mesma coisa, nada havia que não
fosse Ela mesma se projetando desapegada. Desta sensação inédita surgiu o Caos.
Em meio o Caos infinitas partes de
infinitos tamanhos se desorganizavam estendendo, aumentando vigorosamente a
entropia.
Deu-se aumento gradativo da entropia.
Consciente e inconsciente entrópicos.