Ligo o rádio, a emoção aflora. Plantão noturno - ah! plantão noturno.
Quantas recordações, agora, ao ligar o rádio virão a tona. Desde as 20 h às 8 h o barulho para mim irritante, contínuo, mal sintonizado - daquele velho rádio - que, ao final, passava despercebido. Aquele velho rádio, às vezes, no posto, às vezes no banheiro. Afinal a quem pertencia?
Através dele me sentia unida aos profissionais noturnos que, participam do CONTINUUM UNIVERSAL. A importância dessas pessoas do mais baixo até o mais seleto cargo que, ao clarear o dia, cansados, passam despercebidos. Só depois da experiência do noturno, do seu silêncio, do seu ritmo menos acelerado, da sua escuridão, da sua união nos perguntamos o porquê de tanto corre-corre do dia-a-dia.
Por isso, agora, choro ao ligar o rádio. Cada vírgula acompanha o ritmo da música.
28.03.2000