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ALEKSANDRA WALISZEWSKA |
O SEXTO DIA – A BENÇÃO DA MORTALIDADE
Sendo Ele o Nada e o Tudo concedeu
percepção para cada pedaço Seu. Porque todas as micros percepções dos infinitos
pedaços que lhe compunham lhe apeteceu, gostou do que sentiu. Cada centímetro
do sentimento de cada parte que Ele entendeu percepção também sofreu e se
alegrou. O Tudo e o Nada que Era, já não era a mesma coisa. Suas partes lhe
mostraram que ainda era muito mais, porque cada parte de si era muita coisa em
si. A partir deste entendimento deixou que suas partes expressassem conforme
elas mesmas quisessem se expressar – porque disto se apetecia conhecer melhor.
As partes, então, se compuseram cada qual ao seu jeito. Se formaram, se
estranharam, se desconheceram, se movimentaram ao sabor que lhe era permitido,
cada qual em desigual percepção, porém todas Elas dentro Dele que internaliza
surpreso cada descoberta de si mesmo.
Do Tudo ao Nada que em si conhecia
ponderou todas as formas; calculou todas relações; atrelou seus quereres ao
juízo dos explorados conhecimentos.
Sendo o Nada e o Tudo não se
preocupava porque ainda assim tudo continuaria sendo Seu. Quis tão-somente
compartilhar dentro de si o fenômeno da individualidade de cada parte do Nada
que compunha seu Todo. Queria observar e sentir a si dentro de si mesmo. Nesta
busca Dele se expandiu pela noção individual de suas partes. Suas partes se expandiram
de tal forma que criaram outras menores partes e outras maiores. Dimensão e
medida orientou o Universo pois surgiu a comparação entre todas as coisas.
Podia-se afirmar que algo era maior
ou menor que outra coisa porque sempre havia e haveria de ter coisas maiores do
que a maior das coisas e coisas menores em relação as menores coisas.
Surgiram galáxias, sistemas, sóis,
planetas, cometas, asteroides, eventos cosmológicos, moléculas, células,
átomos, quarks, energias...Tudo se expandia, em tempo e velocidade.
Dentre estas infinitas partes, das
quais age conscientemente, tem um determinado pedaço que é na nossa Parte.
Nesta parte infinitamente escolheu
nossa vida, disse:
FAÇA-SE A TERRA E O CÉU – conforme o pensamento que lhe coube naquele momento sobre
aquela Parte Dele. Disse Ele, para aquele pequeno entendimento da infinita ideia
agora retalhada, desdobrada, individualizada.
Disse então: Juntem-se as águas que
estão debaixo do céu num só lugar e apareça o solo firme. Pensou naquilo que
denominou céu, idealizou aquilo que chamou solo firme. E assim continuou... ao
solo firme chamou terra e ao ajuntamento das águas chamou mar. E Deus sentiu.
Deus concebeu brotar vegetação, plantas que deem semente pelas próprias mentes
que se sentiam e cresciam. Ele concedeu
luzeiros para interpretar o que lhe era dia e o que lhe era noite. Sentiu o
firmamento e a responsabilidade de governar as estrelas. Tudo isso fervilhando
em seu pensamento propagou ainda mais vida. Abençoou suas palavras e multiplicou
os seres que como da água fervente se transmutaram de um estado para outro em
aves, animais, répteis, selvagens aglutinados segundo cada espécie daquilo que
entendeu.
E Deus viu que era bom. Sentia-se
completo imbuído de novas sensações tão construtivas e harmoniosas como o Nada
antes lhe trazia, mas, agora, porém, com um humor dinâmico e gostoso.
E Deus sentiu tudo quanto havia
feito. Onde ante era só vácuo agora estava preenchido por Ele diferente, era um
vácuo diferente. Mas o vácuo – fonte primária – continuava Ele.
Todos seus infinitos pensamentos e
sentimentos - consciente e inconscientes - prosseguiram ao infinito.
No dia em que o SENHOR Deus fez a
terra e o céu, ainda não havia sobre a terra nenhum arbusto do campo e a
vegetação ainda não tinha brotado, porque o SENHOR Deus ainda não tinha chorado
sobe a terra, nem havia consciência sobre que se estendia. Quando se descobriu
naquele terreno, sensibilizou-se sobre aquilo, então, o SENHOR Deus formou o
humano do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e ele tornou-se
um ser vivo.
Deus criou o ser humano à sua
concepção e segundo a sua semelhança, para que dominasse os peixes do mar, as
aves do céu, os animais domésticos, todos os animais selvagens e todos os
répteis que rastejam sobre a terra através de sentir e interpretar como Ele
próprio sente e interpreta os móbiles que lhe projeta consciente e
inconscientemente.
Depois o SENHOR Deus plantou um
jardim em Éden. Lugar perfeito como deliberava seu pensamento. Pensou
conscientemente em coisas agradáveis, sem haver necessidade de encontrar o
inconsciente, o qual se reservava em outro lugar, em lugar inacessível. Mas,
como não se desvinculava, aliás foi o primeiro, estava plantado - o
inconsciente - no meio do Éden advertindo categoricamente acesso restrito, indicando
claramente que experimentar seria dor, pois conheceria algo que uma simples
parte não teria capacidade em compreender e experimentar tal conhecimento. Muito
mais que revelar confundiria, levando a parte ao ápice da desorientação pagando
o preço de ser infinitamente dúvida e questão. Teria um conhecimento incapaz de
conhecer.
Disse ao homem: não se atreva a
querer conhecer o que não abarca capacidade.
Mas a mulher: conjunção da razão e
emoção não se conteve. Quis tentar conhecer. Seduzida pela morte e pela vida;
pelos prazeres da alma e do corpo provou do fruto da árvore proibida e sentiu
enorme sabor. Do que sentiu – enorme felicidade e dor - compartilhou com o
homem.
O homem orgulhou-se dela pela coragem
de tomar para si o sofrimento e amor. O homem defendeu perante Deus o brio da
mulher. Conheceram ambos pelo que ela conheceu e concebeu. Deus disse então:
Eis que o ser humano se entendeu
pedaço e, portanto, incompleto. Impossibilitado de entender a realidade
conheceu apenas o bem e o mal. Não vá agora estender a mão também à arvore da
vida para comer dela e viver para sempre neste infortúnio.
Foi aí, então, que Deus lhe fez
mortal para limitar seu sofrimento. Disse Ele:
Determino sua finitude e de todas as
coisas que se relaciona para lhe privar do sofrimento sem fim, porque jamais
entenderá, nesta sua vida, a realidade das coisas. Será, então, você capaz de
morrer para renascer em tantas experiências quanto possíveis afim de alguma
coisa conhecer. Assim que nascer estará fadado a morte para aliviar seu
sofrimento, mas serás eterno porque haverá outros depois de você e antes destes
outros haverá ainda outros que se sucederão e serão anteriores. Assim
eternamente...A responsável pelo não fim será a fêmea que carregará dentro
dela o óvulo da vida eterna.
Deus criou a vida e a morte na glória
de conceber o indivíduo místico. A mulher foi eleita para administrar tudo na
Terra, inclusive a vida e a morte.
Assim, estava criada a Humanidade e
todas as coisas que nela habita.