GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO VII

SALVADOR DALI
SALVADOR DALI
                                       


SÉTIMO DIA – O DECRETO


Tudo estava concluído, como sempre esteve, mas agora era diferente porque Ele na sua completude absoluta contemplava as partes se concluírem em cada instante. Da soma das conclusões tinha como resultado a sensibilidade agradável do movimento interno de si. Porém, também, sentiu dor, tristeza e aflição principalmente porque muitas das suas partes tomadas por um individualismo contumaz achavam-se descoladas Dele. Isto percebeu não ser bom.

Deus, portanto, resolveu decretar as Leis Constitucionais sob as quais suas infinitas partes se subordinariam. Não havia nem haveria de ter coisa alguma que escapasse a Lei Maior, não que antes não fosse assim porque em tudo era a Lei intrínseca, mas a partir daquele momento estaria materializada de tal maneira que qualquer das suas partes teria noção exata da abrangência, eficácia e coercibilidade. A delimitação cogente dos termos da Lei das leis era ao mesmo tempo límpida como a claridade da luz mais clara e ofuscante como o escuro das sombras. A Magna Lei estabelecia de forma precisa, inquestionável, determinações inescusáveis com eficácia absoluta onde todas as partes conheceriam instintivamente. Entretanto, como é natural às partes o conhecimento fracionado, muitas vezes não entendiam, apesar da submissão inquestionável.

Aparente desarmonia entre as partes, diante da Lei Maior, conservavam-se harmônicas, porque era função da Lei estabilizar o sistema no self rigorosamente neutro.

Nada que acontecesse seria inédito porque era previsível pela Lei. Poderia até ser surpresa, principalmente para as partes ignorantes, mas jamais à Totalidade: Poder Constituinte.

Um milímetro menor que o pequeno ínfimo quântico era igual aos maiores corpos cosmológicos e estratosféricas distâncias pelo que se concebia como grandezas. Na verdade, dentro da possibilidade de aferição a ausência de medida pairava sobre o Tudo por causa de tudo estar sob a égide e obrigação da Lei: normatização do Uno.

Magnifica essa Lei porque diante de infinitas diversidades de ações, omissões e sentimentos – permanecia única. Detinha o controle do direcionamento da convergência em si mesmo. Emanava de si para tudo o resto, uma neutra energia que impunha espaço, velocidade, caloria aos infinitos objetos que compunham o sistema da sua vida.

Estabeleceu doze Leis, as quais condensavam a substância. Assim se estabeleceram no rigor da eternidade:


ART. 1° - Todo Grande Ente será Fraco, Todo Pequeno Ente será Forte. Na relação das partes maiores com as menores a força se equilibrará, através de ganhos e perdas de massas: Todo imenso ente atrairá para dentro de si o ente menor. Todo minúsculo ente repelirá para fora de si o ente maior.

ART. 2º - Movimento é Essência. Da substancia em movimento se verificará trabalho. O Trabalho produzirá energia. A energia é potência do movimento que será maior ou menor na exata correspondência do trabalho. O Trabalho será aferição da essência.

ART. 3º - A conjunção de forças opostas quantificará a predominância enérgica no sistema deslocando cada elemento segundo sua incidência e harmonização.

ART. 4º - Nada começa, nada termina, tudo se transforma.

Art. 5º - A ligação entre os termos do sistema é infinita e inquebrável. A substancia é união de inquebráveis termos infinitos para coexistir em único ente.

Art. 6º - é livre a expressão de cada termo.

Art. 7º - A qualidade e quantidade entre os termos e dos termos consigo mesmos dependerá da individualidade de sua expressão.

Art. 8º - Os Termos poderão expressar-se de infinitas formas; a substância permanecerá constante.

Art. 9º - A multiplicidade de termos e respectivas expressões causa a transmutação da substância.

Art. 10º - A substância ainda que sofra infinitas transmutações permanecerá inalterada.

Art. 11º - Os termos jamais serão o conjunto, porém serão harmoniosa expectativa.

Art. 12º - Onipotência, onisciência e onipresença são atributos da substância una.



Após decretado seu Estado Ele descansou pondo-se a contemplar seu Ser.