LARRY CLARK
A liberdade é o atributo máximo, maior da condição humana. Certamente,
nossos ancestrais desenvolveram-se a partir da concepção da liberdade.
Em dado momento da história o Homem passou a articular os primeiros
lapsos cognitivos da inteligência e razão. Acredito que tais matrizes
primordiais da evolução, necessariamente tiveram como força motriz a percepção
sobre a liberdade.
O fato da espécie se questionar sobre qualquer coisa é princípio absoluto
de uma liberdade atuando no sentido de submeter o próprio querer a uma
discordância e concordância.
O fato do ser humano praticar uma ação ou omissão pressupõe uma análise e
escolha entre quereres íntimos, cuja própria valoração se reflete na ação ou omissão.
Então, a liberdade que concede ao pensamento humano a possibilidade de ponderar
sobre determinado fato, é a mesma liberdade que faz com que escolha a ação ou
omissão determinada pelo ordenamento jurídico e social.
A norma não precede a ação ou omissão, ao contrário, ação e omissão
constituem a consequência da norma.
A liberdade é absoluta e incondicionada, porém, criamos condições e formas
de exerce-la.
Acostumamo-nos a entender que a lei restringe nosso querer, quando na
verdade não restringe nada. Nosso querer se desenvolve naturalmente tentando se
enquadrar em conceitos pré-definidos por esta mesma liberdade do querer. Fazemos,
o possível, para enquadrar nossa absoluta liberdade numa esfera livremente
manipulável, elástica, moldável.
Diante de algo que não conseguimos suportar (absoluta liberdade) criamos
meios, formas, mecanismos, normas, limites, para exatamente, condicionarmos aquilo
que nos é impossível definir.
A liberdade é como o infinito. A liberdade é como o Nada. A liberdade é
como o Início. A liberdade é como o Fim.
Não existem realmente. São criações intelectuais para situarmos nossa existência
num espaço e tempo livre, apesar de nem sabermos o quê isto significa.
Diante da imensurável e desconhecida liberdade nós desenvolvemos em
gerações e opiniões.
Cada nova geração busca interpretar a liberdade ao seu jeito, sempre
acomodando os parâmetros possíveis do entendimento.
Hoje o Mundo é muito estranho porque é livre mais que anos atrás.
Na medida em que a liberdade aumenta, a estranheza se faz presente, o
conflito se estabelece, e a liberdade prevalece, na sua infinita imposição do
questionamento.
Liberdade é sofrimento e colisão. Liberdade é transformação. Liberdade é morte e
renascimento.
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