JAN SAUDEK
O PRAZER MODIFICA O HOMEM?
Faço esta pergunta porque penso que o
prazer tem um papel preponderante no desenvolvimento da nossa personalidade. Na
verdade, atribuo ao prazer responsabilidade por vicissitudes complexas do
conjunto pessoal e único de um indivíduo, quero dizer que o prazer é fator, na
minha concepção, criador do paradigma individual quanto pessoal projeção social
e coletiva.
O prazer é matriz de toda produção
física e sentimental de um indivíduo.
Creio que o prazer ocorre muito antes
de estrutura-lo conscientemente. O prazer ou o não-prazer é anterior a qualquer
concepção consciente. Ocorre a níveis instintivos.
Quando nasce não há qualquer entendimento
sobre os processos pelos quais as coisas acontecem, entretanto, há uma
realidade imperativa das coisas de fato. Um recém-nascido sentirá frio, calor,
dor na barriga, dor no ouvido, fome, sede, milhares de fatos próprios da
condição de vida, apesar de não conseguir distinguir, conceituar ou avaliar
tais necessidades fisiológicas, físicas, há, certamente, um sentimento de
prazer ou não prazer. Quando o meio externo – mãe, pai, tios, cuidadores, etc –
atuam no sentido de proporcionar conforto ao recém-nascido este sente prazer.
Do contrário, se não houver esta diligencia o recém-nascido suportará
desprazer.
Então, as primeiras impressões que
nos deparamos com a vida é o prazer ou desprazer.
Até aqui nenhuma novidade, porque
pessoas bem mais capacitadas que eu, explicaram isto de forma louvável.
É bem sabido, pela atual psicologia e
neurociência, que somos fruto do acúmulo de experiências que absorvemos ao
longo da nossa existência, considerando a gestação e conseguintes.
Seguindo esta linha de raciocínio
entendo que cada ser humano é síntese da conclusão dos prazeres e desprazeres
pessoais, aqueles avaliados na sua mais restrita e individual análise, bem
como, das conclusões coletivas, ou seja, avaliações submetidas ao entorno,
cujas conclusões integram o escopo pessoal. Todas avaliações passam por um parâmetro
bem definido daquilo que traz prazer e daquilo que traz desprazer.
Ou você gosta ou não gosta.
Quando o prazer atinge o espirito de
um homem tem vertentes internas e externas. Pode-se sentir prazer por alguma
ação pessoal que trará prazer íntimo; como também ações pessoais que trazem
prazer pessoal pelo efeito coletivo em que se manifesta.
Toda nossa avaliação, revitalização e
humanização se conforma segundo o prazer e desprazer entendido pelo próprio
ente.
Será uma pessoa melhor na proporção
que sentir maior prazer; será uma pessoa pior na proporção que sentir
desprazer.
Prazer ou desprazer é algo único,
pessoal, intransferível, personalíssimo, individual.
Há milhares de meios pelos quais o
prazer e desprazer se manifesta no indivíduo. Porém, em meu entendimento, há um
meio soberano, do qual compromete toda existência do ser individual.
Creio que o SEXO, dos meios de prazer
ou desprazer, é o mais fundamental da sociedade humana.
Não ensinamos fazer sexo;
naturalmente não conversamos sobre sexo; não discutimos, nem analisamos sexo;
não comparamos sexo; não expomos abertamente sexo. Mas, TODOS fazem sexo, em
mesma proporção, habitualidade, necessidade, perícia, vontade...
Todos são capacitados em fazer sexo e
dele obter o maior prazer que um ser humano pode sentir. Somente o sexo traz o
prazer absoluto que a pessoa pode sentir, sem necessariamente precisar
compartilhar. O sexo é um prazer infinitamente pessoal, obviamente condicionado
ao outro, porém independente. O outro é instrumento do próprio prazer.
Dificilmente o sexo é desprazer. A
não ser em casos de violência sexual. Mas, em condições consensuais não há sexo
desprazeroso, ao contrário, sempre exalta o gosto, ainda que não seja dos
melhores.
A habitualidade do sexo deixa a
pessoa mais feliz e bonita. A falta dele causa efeito contrário. A pessoa fica
mal-humorada e infeliz.
Não é uma regra, obviamente, porém,
percebo que pessoas que tem melhor e saudável vida sexual são mais felizes.
Entendo como saudável uma rotina
sexual prazerosa, onde compartilha com o parceiro todo desejo e fantasia, a
ponto de criar, naquele instante, intimidade verdadeira, sem preceitos, sem
moralidades que impeçam a fluidez da vontade sexual. Isto, para mim, é
saudável.
Quando há critérios de limites
baseados numa repreensão ou atitude reprimida dos sentimentos, ou, ainda,
violência, certamente o sexo não trará prazer. Não será saudável.
O sexo permeia todos atos conscientes
e inconscientes humanos. A mulher é a obra prima e matéria-prima donde se deduz
e se origina toda estrutura sexual. Por isso, ela é o ente fundamental da
sociedade. Por isso, é linda e maravilhosa, aos olhos de qualquer pessoa.