MOMENTO DE UTILIDADE PÚBLICA – BOMBA DE GASOLINA

TANQUE DE COMBUSTÍVEL


Muitas vezes assuntos aparentemente banais escondem causas e efeitos demasiadamente importantes.

Fiquei incumbido de regulamentar uma Lei Municipal que dispõe sobre a proibição do abastecimento de combustível em veículos automotores após acionamento da trava de segurança da bomba.

Isto mesmo: aquela prática habitual de quando você pede para encher o tanque do seu automóvel, a bomba da gasolina, em determinado momento, trava automaticamente. Daí o frentista vira-se e pergunta: quer que complete mais um pouco? Você responde afirmativamente, então ele manualmente aciona o reabastecimento, às vezes ao ponto de vazamento. Geralmente a intenção é arredondar o valor.

A lei pretende coibir esta prática.

No primeiro momento estranhei tal assunto haver necessidade de previsão legal, porém, conhecedor da ciência jurídica compreendo que as leis são - ou deveriam ser - criadas por causa de coisas relevantes.

Realizei, portanto, um breve estudo sobre o assunto, mesmo porque precisava reunir elementos suficientes para o Decreto regulamentador. Muitos Municípios do Brasil possuem Lei semelhante.

Foi então que descobri que a OMS (Organização Mundial da Saúde) há muito tempo vem alertando sobre as nefastas consequências desta aparentemente inofensiva prática.

São três os riscos produzidos pela inobservância do travamento automático:

1. PARA O CONSUMIDOR – Através dos manuais que acompanham os automóveis, as montadoras costumam informar 10% a menos da capacidade máxima dos tanques de combustível para evitar o abastecimento exagerado, pois causa graves danos mecânicos.

Na parte superior do tanque há um dispositivo denominado cânister que é ligado ao motor por uma mangueira. Ele tem a finalidade de armazenar e filtrar os gases produzidos pelo combustível e, em momento oportuno, liberar na câmara de combustão quando assim o motor exigir. Se abastecer além do limite corre o risco de o combustível encharcar este dispositivo que liberará partículas de carvão ativado, entrando na câmara de combustão e causando sérios danos ao cilindro do pistão ou ao próprio pistão.

2. PARA O MEIO AMBIENTE – Uma vez danificado o cânister não consegue mais filtrar os poluentes do combustível liberando gases tóxicos na atmosfera.

3. PARA O TRABALHADOR – o frentista é o maior prejudicado. A gasolina contém diversas substancias tóxicas. Ao injetar mais combustível no tanque do veículo mesmo após o travamento da pistola de abastecimento o frentista inala o vapor do benzeno.

Em curto prazo pode provocar dor de cabeça, sonolência, tontura, náusea, vômito e irritação das vias respiratórias, pele e olhos.

Já a exposição prolongada aos vapores de combustível pode causar distúrbio de comportamento, irritabilidade, pode atingir o sistema nervoso central e causar o câncer ocupacional. Anemias, leucopenia e, até mesmo, leucemia.

Por tudo isto, devemos respeitar o travamento automático da bomba de gasolina. É uma questão de consciência. Estaremos cuidando do nosso patrimônio, preservando o meio ambiente e, principalmente, respeitando a saúde alheia. Pense nisto.