JOSÉ CLEMENTE OROZCO
A grande discussão do momento é se a
polícia agiu certo nas manifestações de São Paulo provocadas pelo Movimento Passe
Livre, ou, ao contrário, houve abuso de poder.
A Constituição Federal em seu inciso
XVI, art. 5º determina: “todos podem
reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente”
Esta estória de exigir prévio roteiro
é inadmissível – erro do Estado, mas, em parte....
Na minha opinião o MAIOR erro é do
Movimento. Não por questões legais, porém por sentido objetivo e subjetivo da
coisa.
Para explicar meu ponto de vista sou
obrigado a retroagir no tempo, vejamos:
Na década de sessenta, especialmente
após o golpe militar de 1964, estabeleceu-se no Brasil, de maneira explicita e
objetiva, o embate entre duas ideologias que desde sempre dividiram o planeta
em duas partes conceituais, dicotômicas e imiscíveis: O Capitalismo e O
Comunismo. Desde que a Humanidade é História estas duas ideologias coexistiram
em pleno embate.
A individualidade como valoração e
legitimação de progresso contra a igualdade e coletividade de progresso.
Deixemos isto para traz, porque não é a direção do meu foco.
Ocorre que naquela época, anos de chumbo, o jovem tinha uma
ideologia porque lutar. Havia, de fato, uma proposta clara para defender.
Os jovens, então, estudaram as bases
históricas, filosóficas e econômicas do comunismo. Questionaram sobre as
liberdades individuais ao mesmo tempo que encontraram argumentos sólidos para o
desenvolvimento coletivo baseado na isonomia, justiça e milhares de outros
princípios santificados para uma sociedade ideal. Jovens se tornaram
intelectuais em defesa de uma tese absoluta e vigorosa.
Isto naquela época. E hoje?!
O Comunismo não deu certo, ruiu; os
incorruptíveis mostraram-se os mais corruptos; a coisa coletiva foi dilacerada
por indivíduos esfomeados; o Capitalismo sofreu abalo, mas manteve-se em pé; as
ideologias de coletividade se transformaram em ditaduras sectárias e
autoritárias.
O jovem se perdeu em meio a bilhões
de dado desconexos da enxurrada de informação. A história fragmentada é mal
contada. Mas, a busca pela luta de uma ideologia ainda continua viva e ardente.
Jovens com uma década e meia de vida são saudosistas de “Che” porque usam uma
camiseta com seu rosto estilizado sem nem saber o significado. Daí somam a
figura de “Bob” estampando a folha da cannabis
sativa para uso recreativo sem preocupar-se em saber o porquê? Apenas
diversão.
Assim são os Movimentos: a busca de
algum sentido que divirta o espírito imbuído da certeza de lutar pela coisa
certa.
Enquanto os Podres Poderes continuam
atuando na degeneração da sociedade. Controlando, como gado no matadouro, os
pseudo-rebelados.
Os serviços públicos essenciais à
coletividade obviamente não podem, nem devem ser gratuitos. Para o Estado
prestar um serviço de qualidade deve cobrar os respectivos impostos.
O Estado não produz mercadoria para
fins comerciais donde possa lucrar. O Estado obtém dinheiro de seus cidadãos,
através de impostos, taxas, tarifas, os quais, serão recolocados conforme a
necessidade da população.
Então, um Movimento sério, de efeito,
consciente seria aquele que cobrasse das autoridades públicas real
transparência na aplicação do tributo. Temos que exigir não diminuição da
passagem de ônibus, MAS PRESTAÇÃO DE CONTAS do dinheiro arrecadado.
Estamos em um Mundo moderno onde cada
qual tem sua parcela de responsabilidade, inclusive pagar pelo que usufrui. A
questão é exigir a aplicação e transparência no que paga.
Por que não existe um Movimento
Nacional exigindo a Reforma Tributária?
Esta questão é urgentíssima. Uma
reforma Tributária (honesta, factível, real, idônea) é o começo da solução dos
nossos problemas.
O Governo não pode continuar
saqueando nosso dinheiro por diversas formas e jeitos para depois usar como bem
entender, e mais, esfregar na nossa cara de imbecis uma nota fiscal confusa
onde apenas mostra o valor aproximado do tributo.
É tanto imposto acumulado que nem o
melhor sistema de informática consegue deduzir, apenas faz referência
aproximada. ISTO É UM ABSURDO.
Os usurpadores da Nação estão enfiando
a mão nesta dinheirama enquanto os jovens do brasil cheios de coragem se
vangloriam em protestar e ser acurralado pela polícia.
Precisamos atacar as causas, não os
efeitos. Temos que fazer Movimentos para mudança na base: Reforma Tributária;
Reforma da Transparência das Contas Públicas e, principalmente: escolha de
Líderes comprometidos.
O povo vota mal, vende sua cidadania,
não tem respeito pelo vizinho.
Como surgir um verdadeiro Estadista
em meio a tanta excessiva informação que falta compreensão?
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