CINDY SHERMAN
Seus olhos são feios, de uma feiura incrível, mas dizem
exatamente aquilo que quero entender.
Impressionante o jeito que sua feiura volátil
penetra na minha mente e se transforma numa beleza inigualável que redunda em
pensamentos aprovados daquilo que poderia outrora reprová-los.
Sua fala mansa,
conversa fácil me conduz por caminhos até então inexplorados, mas já vistos,
muito engraçado, como andamos por estradas tão batidas, entretanto, desconhecidas. Sua
inédita conversa me revela algo já visto, o espírito que encarnado no corpo se revela um déjà vu inédito das antigas retóricas que se enveredam pelos tortuosos caminhos do previsível.
Seus
lacrimejantes sentimentos revelados em olhos atentos que encaram de forma obliqua os olhares daqueles que disfarçam. Espreitam ao redor ameaçados e prontos para atacar outra vez outro humano igual
a nós.
Deitam-se tranquilos, leves em desferir toda íntima agrura sobre outro que transfere a própria agrura acumulada com do outro em cima do outro, e
assim por diante, até infinito evento de dimensões problematicamente
incontroláveis.
Em verdade são os mesmos momentos que se sucedem entre
esse e aquele, de forma transversal, transfere a gente para uma categoria generalizada do bem e do mal.
A perceber, percebemo-nos, mas nem estamos diante de uma reação
racional porque inconscientemente reagimos normal no que nos parece
aparentemente verdade sobre indivíduos fazerem parte da unicidade criada por mentalidades pré-concebidas.
Apenas acontece, pelos seus próprios motivos, sem
questionamento, que somente depois, de muito tempo, são os próprios motivos
colocados em questionamento.
Se os olhos são feios, todo resto será também.
Mas a busca da felicidade transforma tudo bonito porque é natural do indivíduo buscar a harmonia, ainda
que seja uma incógnita ser feliz.
Mas, ainda assim as cornetas cantam o dia
nascer, ouvidos que temos para ouvir, da boca que temos para falar, do
pensamento que temos para sentir, ainda que tudo se passe EQUIVOCADAMENTE.
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