DAN FLAVIN
No Brasil estreou ontem o tão
esperado aplicativo POKEMON GO para
alegria dos gamers de plantão e
estranhamento das pessoas que não estão familiarizadas com o mundo dos jogos
virtuais.
É inegável a dose de criatividade e
esperteza do criador desta mais recente mania que utiliza o GPS do Google Maps para inserir pokémons – pequenas e fofinhas criaturas – na
rota do usuário que percorre a cidade ávido em capturá-los.
Em épocas de viralização epidêmica,
onde fatos e coisas rapidamente adquirem proporções mundiais, não poderia ser
diferente com este aplicativo que funciona em sistemas android e OS, portanto,
na maioria dos celulares e tablets. Na medida em que se espalha além fronteiras
cresce, também, polêmicas e discussões sobre o tema.
O velho argumento dos reacionários
contra os jogos de videogames de que estes favorecem o sedentarismo, não pode
mais ser utilizado neste caso, pois o POKEMON
GO obriga o jogador a se movimentar pela cidade.
Por outro lado, reacende o temor da
violência e perigos que cada vez mais habitam os centros urbanos. Naturalmente
essa nova mania instiga os ânimos dos assaltantes de aparelhos celulares e
afins. Além de que há real possibilidade de acidentes como, por exemplo,
atropelamentos, chocar-se com pilastras, ser atingido por um vaso e tantas outras
previsíveis e imprevisíveis situações.
Há quem recomende evitar contato com
estranhos, andar por locais conhecidos, interagir apenas com amigos, prestar
muita atenção em pessoas com atitudes suspeitas.
Impressionante como o ser humano é
dicotômico, pois ao pregarem que os games tornam os jogadores pessoas isoladas,
sem contato real com outras da espécie e pouco desbravadores das ruas e
avenidas, agora, com o surgimento deste jogo contradizem o que disseram e
pregam a não interação humana e limitação a circunscrições conhecidas.
Entendo que este discurso não é
destituído de razão, uma vez que é notório os perigos e violência que assolam o
dia-a-dia das cidades.
Isto tudo me remete a uma reflexão
que há muito vem se solidificando no meu pensamento: não há como conter o
avanço da integração entre homem e máquina.
Penso que a tecnologia exerce um
papel fundamental na vida do ser humano. Ao contrário do que afirmam alguns,
acredito que ela aproxima o homem, e mais, será protagonista no desenvolvimento
humano, criando uma dependência simbiótica impossível de separar o homem da
máquina. Isto já é uma realidade, principalmente no campo da medicina. Entendo
que se estenderá por todos os outros meandros da sociedade.
O problema não é, e nunca foi a
tecnologia, mas o próprio ser humano. Desde os primórdios dos nossos ancestrais
convivemos com a realidade e a fantasia como elementos formadores da comunidade
e de nós mesmos como indivíduos.
O processo civilizatório continua
inalterado, atualmente o que mudou foram as ferramentas disponíveis.
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