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FERNANDO SCHLAEPFER
Na
semana que se passou a pesquisa feita por
encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apurou
que 30% dos brasileiros concordam com a frase "A mulher que usa roupas
provocativas não pode reclamar se for estuprada" reacendeu uma
velha celeuma entre os acalorados discursos feministas e machistas. Na minha
opinião o cerne da questão foi desvirtuado e mal informado.
Pelo
que me consta, os detalhes da pesquisa não foram amplamente divulgados (fonte:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/09/1815301-um-terco-dos-brasileiros-culpa-mulheres-por-estupros-sofridos.shtml)
A pergunta
foi feita para homens e mulheres em quantidade numérica equivalente, sendo que
30% dos homens pesquisados concordaram com aquela frase e, o mais
surpreendente, 30% das mulheres também concordaram com a mesma frase. Ora,
então há algo de novo na questão onde não houve reflexão...
Não
apenas homens concordaram com a frase, mas também as mulheres e em quantidade idêntica.
O que será que isto representa?!
Penso
que a questão é muito mais profunda e merece uma análise menos maniqueísta
quanto ao gênero e mais reflexiva quanto as atuais mudanças no comportamento
humano.
Atualmente
as mulheres alcançaram não apenas uma independência econômica, como estão aprofundando
os alicerces nos comandos e decisões da sociedade. Apesar de todo discurso
sobre fragilidade e desigualdade entre os gêneros, não é isto que observo na
prática.
Cada vez
mais mulheres ocupam posições importantes de comando, atuando de forma
eficiente, competente e contundente. Este último adjetivo é para evidenciar o
quanto as mulheres são temidas pelos homens. Isso mesmo, quando uma mulher está
no comando suas decisões não são diretamente rechaçadas pelo homem, porque ele
tem medo do confronto, simplesmente obedece, de cabeça baixa.
A
mulher em poucas décadas saltou da posição de submissa para protagonista. Mesmo
nas camadas sociais desfavorecidas as mulheres são porcentagem alta com relação
ao comando da família, seja financeiramente, seja por direção afetiva e
racional. Enquanto o homem se entrega aos baixos prazeres da bebida e
devassidão, entrega o salário na mão da mulher que cuida da administração da
família.
Obviamente
que esta alteração do eixo vem acompanhada pela manifestação sexual, afinal não
há como dissociar a evolução do ser humano sem considerar o sexo (em sua
vertente instintiva sexual) como parte integrante do processo.
Antigamente
a mulher era obrigada a fornecer o prazer, hoje a mulher exige ter prazer. Isto
assusta muitos homens.
Vivemos
a época do império da aceitação. Para sermos seres humanos dignos, legítimos,
bons, devemos compreender toda a diversidade do Universo e opinar com muito
cuidado, porque aquilo que sentimos e pensamos poderá afetar o outro e dar como
consequência sua execração e tortura em praça pública. A imposição da
tolerância tem como consequência a delinquente intolerância.
A “violência”
com que encara o Mundo será remetida na mesma medida, com uma “violência” legítima
que o Mundo lhe cobrará.
Deste
embate de idéias surgem radicais, extremistas, grupos criminosos etc...Há muita
coisa diferente no Mundo, mas deve ser encarada como igual.
O
perigo é que desta ânsia pela igualdade, a desigualdade real está sendo forjada
sob a guerra das próprias razões. Exercício arbitrário das próprias razões.
Voltando
ao tema central, as mulheres passaram a exercer sua feminilidade ao extremo. Libertaram-se
e querem mostrar toda formosura que lhe é inerente, além disso, querem sexo e
liberdade na mesma medida que imaginam ter o homem.
A mídia
aproveitando-se desta busca vendem a natural sensualidade feminina como
mercadoria fácil de comprar em qualquer venda.
Em todos
os lugares e meios a sensualidade feminina explode como moeda de transação econômica
consumindo a mulher como produto necessário e valioso por consumidores
masculinos e femininos. A mulher é consumida por homens e por mulheres. A mulher
é um desejo de objeto, o homem um objeto de desejo neste jogo sensual dos
prazeres da carne.
Acontece
que com a cisão dos pudores a beleza da mulher adquire formas extremamente
desejáveis, de maneira que um homem psicologicamente perturbado será capaz de cometer
o estupro.
Não é
porque uma loja de joias expõe lindos anéis de brilhantes na sua vitrine que
será alvo de roubo. O bandido tem que ser um homem ladrão de joias.
Nosso
maior temor é um dia não precisarem mais da gente...Quero estar vivo para testemunhar o dia em que mulher estuprará mulher.
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