A DURA LABUTA DO OUVIDOR

HYERONIMUS BOSCH



Os pulsos sob veias dilatadas vertem sangue
Sem ninguém precisar querer
Corrente sanguínea mantem quem quer viva
Desconhecemos, entretanto, a efervescência, reluzente, púrpura brilhante sangue que corre nos nervos não aparentes
Escorre veias dilatadas, o sangue a ponto de explodir.

Apazíguam-se correntes revoltosas diante do sexo bem-estar
No cíclico Mundo das horas arrefece a caloria
Nas velhas veias cansadas escorre filtrado sangue cintilado
Da imprecisão de todos os momentos
Se resguarda  a próxima efervescência
Assim  que o sangue coagular em alguma certeza.

Todos aqueles que fervem o caldeirão
Como bruxos passam reclusos e enigmáticos
Jogando suas magias ao acaso
Tentando enfeitiçar criancinhas infames.

Mas a verve da Maria e João não é mais contada
Na verdade, é um conto onde se ganha mais um ponto
No incondicionado mundo
Dos amores condicionados.

E a felicidade se torna uma obsessão
Um oásis no meio do deserto
Uma miragem tão real
Que com ela se abastece de mel, água, cereal
Enquanto se morre de sede e fome no meio do areal.