LEONARDO MACEIRA
Cai
chuva fina
Uma
névoa úmida empalidece as luzes da rua
As
calçadas sozinhas
Margeiam
ruas de asfalto ermo
Prédios
culminam calados
Eventualmente
um ruído conversa em silêncio
O
estalo da madeira, da pedra, do ar
Interagem
todos entre si
Em
sussurros mudos
Das
coisas que constantemente estalam
Na
concretude do existente
Como
em uma animada festa
Assovia
o vento
Bate
os pés a poeira em redemoinho
Batem
palmas o muro, a cerca, o chão, o pedaço de madeira
Tudo
embalado pelo som do espaço vazio
Do
nada, onde tudo se aproxima
Como
solitárias são nossas almas: iluminadas
Nosso
pensamento sozinho
Atento
a tudo que se dissipa
Numa
avenida deserta
Em
meio ao breu, uma lâmpada
Persistentemente
clara, ilumina meu contentamento
Em
abarcar sua presença, ainda que destoante
Cadenciado
meu coração bate
Meu
amor insiste em conhecer-te, por mais essa noite.
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