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FRANÇOIS MORELLET |
O
noticiário das últimas semanas tem como tema central a guerra entre facções que
se instalou nas penitenciárias brasileiras. Não haveria de ser diferente diante
de tamanha atrocidade que apenas os escrúpulos humanos são capazes de cometer.
Muito tem se falado na falência do sistema
penitenciário; sobre o descaso com os presos; a desumana superpopulação
carcerária; etc...
Os
senhores dos Direitos Humanos de plantão rezam a cartilha da discrepância
social, onde apenas são encarcerados pobres, pretos ou quase pretos.
Filósofos,
sociólogos que escrevem colunas nos jornais tentam explicar a violência de um
ponto de vista histórico conceitual pseudo-humanista.
Quero
ser bem sincero: estou cagando e andando para estas teses mirabolantes que
passa na cabeça do perdido povo brasileiro (ou uma parcela dele!), donde se
cria uma cortina de fumaça para a verdadeira explicação.
Essa
desenfreada matança nos presídios do Norte e que vão se estender por outras
regiões é fruto de uma guerra entre facções do crime organizado com o objetivo
de estabelecer domínio sobre território.
Não
pense você que são pés-de-chinelo ou ladrão-de-galinhas que estão morrendo
nesta guerra. Trata-se de soldados arregimentados em organizações criminosas
muito bem estruturadas.
Já
foi o tempo que o Brasil tinha ladrões favelados que ilicitamente lutavam
desorganizados.
Hoje,
a estrutura é organizada e mais eficaz que o próprio Estado. Continuam usando a
parcela pobre da população, porém com objetivos claros e focados, como uma
grande empresa que triplica seus lucros no corporativismo eficiente dos seus
funcionários.
O
número de funcionários trabalhando para o crime organizado é imenso, se espalha
por cada recôndito de cada Município brasileiro.
Temos
no Brasil algumas poucas “Empresas” criminosas que concentram uma variedade
imensa de crimes. São verdadeiras holdings trabalhando com diversos produtos e
serviços. A matriz produtiva central é a droga, porém diversificam seu campo de
atuação no mercado de contrabando; armas; caixa eletrônico; joalheria; fraudes;
estelionatos; roubo, etc.
As
empresas mais sólidas e em notória expansão comercial, certamente é o PCC e o
CV.
Estas
instituições possuem Estatutos próprios, Códigos de conduta, regras, hierarquia,
influência política, dinheiro, poder. Tudo que uma bem sucedida empresa tem que
ter.
Os
dirigentes destas organizações são pessoas bem sucedidas, acima de qualquer
suspeita. Os “cabeças” são inteligentes e empreendedores. Atuam diariamente com
enorme quantidade de droga e arma entrando ilesas pelas fronteiras brasileiras.
Nossas
autoridades – ó coitadas! – se acovardam e se sentem incompetentes diante de
tais poderes criminosos.
A
justiça prende o funcionário, não o Patrão (me refiro ao verdadeiro Patrão –
aquele ricaço blindado).
O
pior de tudo é que a classe B, C e D, me arrisco em dizer que alguns da classe
A confiam ou exaltam a eficácia do tribunal de rua, mais que os poderes
constituídos.
Diariamente
ouvimos uma estória de como o tribunal do crime resolveu uma pendenga social.
Geralmente a solução é apropriada. Ele declara o juízo final.
Outro
dia, numa comunidade humilde, um marido inconformado com o pedido de separação
da mulher a matou com marretadas. Levado ao tribunal do crime, deram a
sentença: Arrastá-lo amarrado em uma moto por todo o bairro até não ser
possível reconhecer seu corpo. A sentença foi cumprida à risca. Muitos
aplaudiam a decisão.